quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Aqueles domingos de inverno - Robert Hayden

 

Aqueles domingos de inverno

 

Também aos domingos
meu pai acordava cedo
e vestia suas roupas no frio azul escuro,
depois, com as mãos rachadas doloridas
do trabalho no tempo durante a semana, ele fazia
os fogos empilhados arderem. Ninguém nunca o agradeceu.

Eu acordava e ouvia o
frio se partindo em fragmentos.
Quando as salas ficavam aquecidas, ele me chamava,
e lentamente eu me levantava e me vestia,
temendo a raiva crónica daquela casa,

Falava indiferentemente
com ele,
que havia expulsado o frio
e também engraxado meus sapatos bons.
O que sabia eu, o que sabia eu
dos ofícios austeros e solitários do amor?

Robert Hayden

Trad.: Nelson Santander

Those Winter Sundays

Sundays too
my father got up early
and put his clothes on in the blue black cold,
then with cracked hands that ached
from labor in the weekday weather made
banked fires blaze. No one ever thanked him.

I’d wake and hear the
cold splintering, breaking.
When the rooms were warm, he’d call,
and slowly I would rise and dress,
fearing the chronic angers of that house,

Speaking indifferently
to him,
who had driven out the cold
and polished my good shoes as well.
What did I know, what did I know
of love’s austere and lonely offices?

 

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