UM
De
e
e
esmagada
e à
e uma
Muda
Uma
UM
De
e
e
esmagada
e à
e uma
Muda
Uma
Não me Canso de Falar
Não me canso de falar sobre a diferença ténue
entre as mulheres e as árvores,
sobre a magia da terra, sobre um país cujo carimbo
não encontrei em nenhum passaporte.
Pergunto: Senhoras e senhores de bom coração,
a terra dos homens é, como vós afirmais, de todos os homens?
Onde está então o meu casebre? Onde estou eu?
A assembleia aplaudiu-me durante três minutos,
três minutos de liberdade e de reconhecimento…
A assembleia acaba de aprovar
o nosso direito ao regresso,
como o de todas as galinhas e todos os cavalos,
a um sonho de pedra.
Aperto-lhes a mão, um a um, depois faço uma saudação,
inclinando-me…
e continuo a viagem para outro país,
onde falarei sobre a diferença
entre miragens e chuva.
E perguntarei:
Senhoras e senhores de bom coração,
a terra dos homens
é de todos os homens?
Mahmoud Darwish
(Poeta palestino, 1941-2008)
Sísifo
Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
A terra nos é estreita
A terra nos é estreita. Ela nos encurrala no
último desfiladeiro
E nós nos despimos dos membros
Para passar. A terra nos espreme. Fôssemos nós o
seu trigo para morrer e
ressuscitar.
Fosse ela a nossa mãe para se compadecer de nós.
Fôssemos nós as imagens dos rochedos
que o nosso sonho levará como espelhos.
Vimos o rosto de quem, na derradeira defesa da
alma,
o último de nós matará. Choramos pela festa dos
seus filhos e vimos o rosto
Dos que despenham nossos filhos pela janela deste
último espaço.
Espelhos que a nossa estrela polirá.
Para onde irmos após a última fronteira?
Para onde voarão os pássaros após o último céu?
Onde dormirão as plantas após o último vento?
Escreveremos nossos nomes com vapor
carmim, cortaremos a mão do canto para que nossa
carne o complete.
Aqui morreremos. No último desfiladeiro.
Aqui ou aqui... plantará oliveiras
Nosso sangue.
Cantiga do Ódio
O amor de
guardar ódios
agrada ao meu coração,
se o ódio guardar o amor
de servir a servidão.
Há-de sentir o meu ódio
quem o meu ódio mereça:
ó vida, cega-me os olhos
se não cumprir a promessa.
E venha a morte depois
fria como a luz dos astros:
que nos importa morrer
se não morrermos de rastros?
Carlos de
Oliveira
, in 'Mãe
Pobre'
Cólera e
Tristeza
A
aldeia em ruínas
como
um espantalho
a
terra rachada
e
os troncos de vossas oliveiras
como
ninhos de coruja ou de corvos
quem
preparou este ano a carreta?
quem
trabalhou a terra?
tu!
onde está teu irmão... onde teu pai
miragens
de
onde vens? de uma muralha?
ou
acaso das nuvens?
velas
pela dignidade dos mortos?
ou
fechas tua porta ao cair da noite?
por
que não te sublevas
desde o momento em que a carne do pai
está
crucificada
sobre
as botas da noite
tu
a amas?
eu
a amei antes de ti
e
tremi em suas margens escuras
era
bela
mas
dançou sobre minha tumba
tu
e eu
pedimos
satisfações à história
à
bandeira que perdeu sua virilidade
quem
somos?
deixa
que a pressa das ruas
beba
na indignidade de nosso estandarte assassinado
por
que não te rebelas
quando
ela estende seus braços aos outros
e
seus seios
temos
suportado a tristeza durante anos
e
o sol não tem nascido
a
tristeza é um fogo que o tempo consome
e
que o vento desperta
e
como domarás o vento
sem
armas
exceto
a coalizão de vento e fogo
numa
pátria violada.
Em:
“Folhas de oliveira” (1964
Menino d’oiro
O meu menino é d'oiro é de oiro fino
Não façam caso que é pequenino
Não façam caso que é pequenino
O meu menino é d'oiro d'oiro fagueiro
Hei de levá-lo no meu veleiro
Hei de levá-lo no meu veleiro
Venham aves do céu pousar de mansinho
Por sobre os ombros do meu menino
Do meu menino, do meu menino
Venham comigo venham que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó
Levo o menino no meu trenó
Quantos sonhos ligeiros p'ra teu sossego
Menino avaro não tenhas medo
Menino avaro não tenhas medo
Onde fores no teu sonho quero ir contigo
Menino d'oiro sou teu amigo
Menino d'oiro sou teu amigo
Venham altas montanhas ventos do mar
Que o meu menino nasceu p'ra amar
Que o meu menino nasceu p'ra amar
Venham comigo venham que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó
Levo o menino no meu trenó
O meu menino é d'oiro
Não façam caso que é pequenino
Não façam caso que é pequenino
O meu menino é d'oiro d'oiro fagueiro
Hei de levá-lo no meu veleiro
Hei de levá-lo no meu veleiro
Venham altas montanhas ventos do mar
Que o meu menino nasceu p'ra amar
Que o meu menino nasceu p'ra amar
Venham comigo venham que eu não vou só
Levo o menino no meu trenó
Levo o menino no meu trenó
Não se pode
viver sem esperança.
A maioria
das pessoas viaja na coberta dos navios
na terceira classe dos comboios
a pé pelas estradas…
A maioria das pessoas.
A maioria
das pessoas começa a trabalhar aos oito anos
casa aos vinte
morre aos quarenta.
A maioria das pessoas.
Para todos
há pão, salvo para a maioria das pessoas.
arroz também
açúcar também
roupas também
livros também
Há para todos, salvo para a maioria das pessoas.
Não há
sombra na terra para a maioria das pessoas
não há candeeiros nas ruas
não há vidros nas janelas.
Mas a maioria das pessoas tem a esperança.
Não se pode viver sem esperança.
I
Na última noite
nesta terra
Na última noite nesta terra, arrancamos os dias
das pequenas árvores, e contamos as costelas que
levaremos junto
e aquelas que deixaremos aqui, na última noite
não diremos adeus, não teremos tempo para acabar.
Tudo ficará como está, já que o lugar trocará os
nossos sonhos
e trocará os nossos hóspedes. De uma hora para
outra, não saberemos mais brincar
porque o lugar estará pronto para receber a
poeira... Aqui, na última noite,
contemplamos as montanhas rodeadas de nuvens: a
conquista... a reconquista
o tempo antigo a entregar ao tempo novo as chaves
dos portões.
Entrem, senhores conquistadores, entrem nas
nossas casas, bebam do vinho
das nossas doces “muachahat”. Seremos a noite e,
finda a meia-noite,
já não haverá mais auroras levadas em dorso de
cavalo, ouvido o último muezim.
O nosso chá é verde, é quente, bebam, o amendoim
é fresco, comam,
as camas são verdes, a madeira é de cedro,
entreguem-se ao sono
depois de tão longo cerco, durmam nas plumas dos
nossos sonhos,
os lençóis estão estendidos, os perfumes esperam
por vocês à porta, há muitos espelhos, entrem, nós vamos sair de vez, e vamos
depois procurar saber
como era a nossa história frente à história de
vocês na longínqua terra,
vamos nos perguntar por fim: onde era o Alandalus
aqui ou lá? nesta terra ou no poema?
Cada vez que respiro…
Sou a terceira geração de mulheres que
nunca passaram dos 40.
Eliminadas: de uma forma ou doutra.
Balas ou recordações de balas. Roubaram-nos.
Eramos as pessoas erradas, da religião
errada, num estado
desenhado para a exclusividade. Instalado
na terra e na pele.
Cada vez que respiro…
Sou cada um dos seus suspiros junto a uma
janela.
Cada viagem de autocarro à sala de espera
da prisão.
Cada abraço o mais longo possível
até ser interrompido por um soldado.
Cada mão trémula que procura entre as
ruínas.
Estão comigo. Levam-me.
Sou a terceira geração de mulheres que o conseguiram.
Cada vez que inspiro. Cada vez que expiro.
Conseguiram. Conseguimos.
Tem gente com
fome
Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
pra dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Piiiii
estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar
Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
Mas o freio do ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuu
24-6-1991 20-10-2023
هبة كمال صالح أبو ندى
معتمٌ ليل المدينة إلا من وهجِ الصواريخ، صامتٌ
إلا من صوت القصف، مخيف إلا من طمأنينة الدعاء، أسود إلا من نور الشهداء. تصبحي على
خير يا #غزة.
A noite na cidade é escura,
exceto pelo brilho dos
mísseis;
silenciosa, exceto pelo
som dos bombardeios;
assustadora, exceto pela
garantia das súplicas;
negra, exceto pela luz do
mártires.
Boa noite, #Gaz
Morreu sob os bombardeios sionistas.
Um dia antes, escreveu:
«Se morrermos, saibam que estamos
satisfeitos e firmes, e digam ao mundo, em nosso nome, que somos pessoas justas
Do lado da verdade»
CANÇÃO
Que
saia a última estrela
da
avareza da noite
e
a esperança venha arder
venha
arder em nosso peito
E
saiam também os rios
da
paciência da terra
É
no mar que a aventura
tem
as margens que merece
E
saiam todos os sóis
que
apodreceram no céu
dos
que não quiseram ver
-
mas que saiam de joelhos
E
das mãos que saiam gestos
de
pura transformação
Entre
o real e o sonho
seremos
nós a vertigem
Livre é o dom
Livre é o dom nas mãos do mundo: a
alegria.
Nunca saberás dizer como se move sobre as águas a verdade
- a verdade que dança no teu corpo - e no seu teatro
sopra as almas como o vento as telas.
Mas para que uma última vez possas dançar
podemos, sim, pôr aqui o fogo
e a árvore da música: a vibração da sua haste
comunica-se; E o mundo estremece: a vibração
do mundo; quando não estamos a olhar.
Poema da terra
1
Em março, no ano da Intifada, a terra nos
disse seus segredos de sangue. Em março,
cinco meninas passaram diante da violeta e
do fuzil. Pararam à porta de uma escola
primária e queimaram junto à rosa e o
tomilho. Começaram o canto da terra e se
entregaram ao abraço final. Março chega à
terra vindo de dentro da terra e da dança das
meninas - a violeta se curvou um pouco
para a voz das meninas passar. Os pássaros
esticaram os bicos em direção do canto e
do meu coração.
Eu sou a terra
e a terra é você
Ḫadīja! Não feche a porta
não entre na ausência
vamos expulsá-los do vaso de flores e do
varal
vamos expulsá-los das pedras deste caminho
longo
vamos expulsá-los do ar da Galileia.
Em março, cinco meninas passaram diante da
violeta, do fuzil. Caíram à porta de uma
escola primária. Nos dedos o giz na cor
dos pássaros. Em março a terra nos disse seus
segredos.
2
A terra chamo de extensão da minha alma
as mãos chamo de borda das feridas
e chamo de asas o seixo
e chamo de amêndoa e de figo os pássaros
e chamo de árvore as costelas
e da figueira em meu peito destaco um
ramo,
lanço como uma pedra
e destruo o tanque dos invasores.
3
Em março, trinta anos e cinco guerras
antes,
nasci em cima de um monte de ervas
reluzentes sobre as tumbas.
Meu pai era prisioneiro dos ingleses
enquanto minha mãe cuidava de suas tranças e do
meu crescimento na relva. Eu adorava as
feridas de amor, flor que eu juntava nos
bolsos, e elas murchavam ao meio-dia. Um
tiro atravessou minha lua, e ela não quebrou,
mas o tempo passou por ela e, sem querer,
caiu.
Em março nos estendemos na terra.
Em março a terra se espalha em nós
encontros obscuros,
simples comemorações,
descobrimos o mar debaixo das janelas
e a lua triste no alto do cipreste.
Em março entramos na primeira prisão e no
primeiro amor
as memórias precipitam sobre uma vila
sitiada,
nascemos lá e nunca ultrapassamos as
sombras do marmeleiro.
Como fogem dos meus caminhos, sombras do
marmeleiro?
Em março entramos no primeiro amor
e na primeira prisão
e as memórias iluminam um crepúsculo em
língua árabe:
O amor me diz um dia: Entrei sozinho em
seu sonho, me perdi e o sonho se perdeu em mim. Eu disse: Multiplique-se!
Talvez o rio corra até você.
Em março a terra descobre seus rios.
O termo jurḥ alḥabīb é o nome de um tipo
de flor semelhante ao lírio do campo, ou lírio do vale.
4
Meu país, distante de mim como meu
coração!
Meu país, perto de mim como minha prisão!
Por que cantar
um lugar, se meu rosto é um lugar?
Por que cantar
a uma criança que dorme num montinho de
açafrão
se nas bordas do sonho há uma adaga
se minha mãe me dá o seu peito
e morre na minha frente
numa bufada de âmbar?
5
Em março despertam os cavalos
senhora terra!
Que canção percorrerá o seu ventre
ondulante depois de mim?
Que canção combina esse orvalho com o
incenso
como se os templos agora se questionassem
sobre os profetas da Palestina em seu
contínuo início.
Verdeja a distância e avermelham as pedras
-
Esta é minha canção
e como o Messias evade a ferida e o vento
verde, como as plantas, ele recobre seus
pregos e minhas correntes.
Esta é minha canção.
É como o jovem árabe ascende ao sonho e a
Jerusalém.
Em março despertam os cavalos.
Senhora terra!
Os cavalos fazem da espiral de picos um
tapete de rezas
oram as lanças e meu sangue
fazem um arco da semiesfera
e meu rosto e o teu rosto são Haifa e as
bodas.
Em março o mar se recolhe da nossa terra
estendida como
um cavalo para o sexo.
Em março o sexo se ergue nas árvores da
costa árabe.
As ondas devem confinar as ondas... devem
ondular... devem
se casar... ou afundar no algodão.
Eu lhe imploro, senhora terra, que me
permita habitar o seu relincho.
Eu imploro que me enterre com as pequenas
meninas entre a violeta e o fuzil.
Eu lhe imploro, senhora terra, que
fertilize minha vida dividida entre duas questões:
como? e onde?
Esta é minha primavera primeira.
Esta é minha primavera final.
Em março a terra casou suas árvores.
6
É como se eu voltasse para o que passou
e andasse sempre um passo à frente,
e entre o azulejo e a satisfação
recupero a harmonia.
Sou o menino das palavras simples
sou mártir do mapa
sou a flor nos galhos do damasqueiro.
Pois então, opressores ao limite do
impossível
desde o Sul até a Galileia,
devolvam-me as minhas mãos
devolvam-me a identidade!
7
Em março as sombras chegam sedosas e os
invasores chegam sem sombras
os pássaros vêm obscuros como a confissão
das meninas
às claras como os campos
os pássaros são as sombras dos campos
cobrindo o coração e as palavras.
Ḫadīja!
Onde estão suas netas que foram atrás do
novo amor?
Foram colher procurando pedras -
disse Ḫadīja, enquanto chama por elas
debaixo do orvalho.
Em março a terra anda como um sangue
fresco ao meio-dia. Cinco meninas escondem
um campo de trigo debaixo da trança. Elas
leem os primeiros versos de uma canção
sobre o vinhedo de Hebron, escrevem cinco
cartas:
Viva meu país
do Sul à Galileia
elas sonham com Jerusalém depois das
provas da primavera e da expulsão dos
invasores.
Ḫadīja! Não feche a porta
e não vá nas nuvens
hoje vai chover
vai chover balas
hoje vai chover!
Em março, no ano da Intifada, a terra nos
disse seus segredos de sangue. Cinco meninas
paradas na porta da escola primária se
depararam com os soldados. Brilha um verso
verde... verde. Cinco meninas paradas na
porta da escola primária se quebram como
espelhos
as meninas espelham o país no coração...
Em março a terra queimou suas flores.
8
Sou testemunha da chacina
mártir do mapa
sou o menino das palavras simples
vi o seixo são asas
vi o orvalho são armas
quando fecharam a porta do meu coração em
mim e instalaram fronteiras em mim
e fundaram a proibição de ir e vir
meu coração se tornou uma rua
e minhas costelas viraram pedras
brotou o cravo
brotou o cravo.
9
Em março as plantas têm perfume. É quando
os elementos se casam. “Março é o mais
duro dos meses” e o mais libidinoso. Que
espada atravessa meus soluços e meus
suspiros e não se quebra? Esse é o meu
abraço agrícola no apogeu do amor. É como eu
saio para a vida.
Enrolem-se, plantas, e juntem-se à
intifada do meu corpo e à volta do sonho ao meu
corpo.
A terra explodirá enquanto confirmo esse
grito contido à irrigação e à timidez campesina.
Em março chegamos à obsessão das memórias,
e as plantas crescem em nós brotando
em todas as direções. É como crescem as
lembranças. Chamo de lembrança minha
subida no cinamomo. Vi uma menina à beira
do mar há 30 anos e disse: Eu sou a onda,
e ela se afastou na lembrança. Vi dois
mártires escutando o mar: Acre vem com a onda.
Acre vai com a onda. Os dois se afastam na
lembrança.
Ḫadīja inclinou-se em direção ao orvalho,
e eu me queimei. Ḫadīja! Não feche a porta!
Que os povos entrarão neste livro e o sol
de Jericó se esconde sem cerimônias.
Nação de profetas... seja inteira!
Nação de semeadores... seja inteira!
Nação de mártires... seja inteira!
Nação de refugiados... seja inteira!
Cada caminho das montanhas é uma extensão
desse canto.
Todas as canções em você são extensões de
uma oliveira que me envolve.
3 Espécie de árvore também conhecida como
Amargoseira.
10
Uma noite pequena numa vila abandonada
e seus olhos dormem
volto trinta anos
e cinco guerras
vejo que o tempo
guardou para mim uma espiga
canta o cantor
a respeito de fogo e de ausentes
a noite era noite
e o cantor cantava.
Perguntaram a ele:
Por que você canta?
Ele respondeu:
porque eu canto.
Procuraram em seu peito
mas só encontraram o coração
e procuraram no seu coração
mas só encontraram o povo
e procuraram na sua voz
mas só encontraram a tristeza
e procuraram na sua tristeza
mas só encontraram a prisão
e procuraram na sua prisão
mas só encontraram as correntes.
Atrás das colinas
dorme sozinho o cantor
e em março
brotam nele as sombras.
11
Eu sou a esperança, a costa, a vastidão -
disseram-me a terra e a relva, como se me
saudassem na aurora.
Esse é o preço de viver por Ḫadīja. Não
fui plantado para ser colhido.
O ar da Galileia quer falar de mim, mas
adormece quando está em Ḫadīja.
As gazelas da Galileia querem hoje
destruir o meu cárcere, mas velam a sombra de
Ḫadīja, enquanto ela se inclina sobre o
seu fogo.
Ḫadīja! Eu vi... confirmo o que vi, ela me
tomou em toda a sua extensão, em todo o seu
ar.
Sou o eterno apaixonado, o prisioneiro por
natureza.
A laranja tomou o meu verde e se fez a
ideia de Jafa.
Eu sou a terra desde que conheci Ḫadīja.
Não fui conhecido para ser morto.
A planta da Galileia tem o poder de florir
entre os dedos da minha mão e de desenhar
esse lugar disperso entre meu esforço e o
amor de Ḫadīja.
É o preço de se viver de novo o mês de
março
até que o ar abandone a terra.
Esta terra é minha terra
esta nuvem é minha nuvem
e esta é a fronte de Ḫadīja.
Sou o eterno apaixonado – o prisioneiro
por natureza
o cheiro da terra me acorda no início da
manhã...
e a minha corrente de ferro o acorda no
início da noite.
Este é o preço de se viver de novo.
Os que buscam a vida não perguntam pela
vida
perguntam pela terra: já se levantou
minha criança, a terra?
Você foi conhecida para ser degolada?
Prenderam você nos nossos sonhos, e com
isso você desceu até as nossas feridas no
inverno?
Você foi conhecida para ser degolada?
Prenderam você nos sonhos deles, e com
isso você subiu até os nossos sonhos na
primavera?
Eu sou a terra...
Vocês que buscam a semente de trigo em seu
berço
arem meu corpo!
Vocês que vão à montanha de fogo
passem sobre o meu corpo!
Vocês que vão à Rocha de Jerusalém
passem sobre o meu corpo!
Vocês que passam sobre o meu corpo
Não passarão!
Eu sou a terra em um corpo
Não passarão!
Eu sou a terra que desperta
Não passarão!
Eu sou a terra. Vocês que passam sobre a
terra que desperta
Não passarão!
Não passarão!
Não passarão
-1-
في شهرآذارَ،
في سَنَة االنتفاضة، قالت ْ لنا األرض ُ أسرارَها الدمويَّةَ. في شهر آذار َ مَرّت
ْ أمام البنفسج والبندقيّة خمس بناتٍ.
وقَفْن َ على
باب مدرسة ابتدائية، واشتعلن مع الورد والزعتر ِ البلديّ. افتتحن َ نشيد التراب. دخلن
العناق َ النهائي–آذار ُ يأتي إلى
األرض منباطن
األرض يأتي، ومن رقصة الفتيات–البنفسج ُ مال قليال ً ليعبر صوت ُ البنات. العصافير
ُ مَدّت ْ مناقيرها في اتّجاه
النشيد وقلبي.ُ
أنا األرضِ
واألرض ُ أنت
خديجة ُ !
ال تغلقي الباب
ال تدخلي في
الغياب
سنطردهم من
إناء الزهور وحبل الغسيل
سنطردهم عن
حجارة هذا الطريق الطويل
سنطردهم من
هواء الجليل.
وفي شهر آذار،
مرّت أمام البنفسج والبندقيّة خمس ُ بناتٍ. سقطن على باب مدرسة ٍ ابتدائية. للطباشير
فوق األصابع لون ُ العصافيرِ.
في شهر آذار
قالت لنا األرض أسرارها.
-2-
أُسمّي التراب
َ امتدادا ً لروحيِ
أُسمّي يدي
ّ رصيف َ الجروح
ْ أُسمّيالحصى
أجنحه
أُسمّي العصافير
لوزا ً وتينْ
أُسمّي ضلوعي
شجرً
وأستل ّ من
تينة الصدر غصناْ
وأقذفه ُ كالحجر
وأنسف ُ دبّابة
َ الفاتحين .
-3-
وفي شهر آذار،
قبل ثالثين عاما ً وخمس حروب،
وُلدت ُ على
كومة من حشيش القبور المضيء.
عند الظهيرة،
مَر ّ الرصاص ُ على قمري الليلكي ِّ فلم ينكسرْ، غير أن ّ الزمان يَمر ّ على قَمَري
الليلكي ِّ فيسقط ُ سهواً...ِ
وفي شهر آذار
نمتد ُّ في األرض
في شهر آذار
تنتشر ُ األرض ُ فيناً
مواعيد َ غامضةً
واحتفاال ً
بسيطا
ونكتشف البحر
َ تحت النوافذ
والقمر َ الليلكي
َّ على السروٍّ
في شهر آذار
ندخل ُ أوّل سجن ٍ وندخل ُ أوّل حُب
وتنهمر ُ الذكريات
ُ على قرية ً في السياجِ
وُلدنا هناك
ولم نتجاوز ظالل السفرجل
كيف تفرّين
من سُبُلي يا ظالل السفرجل؟
ٍّفي شهر آذارندخل
ُ أوّل حُبٍ
وندخل ُ أوّل
سجن
وتنبلج ُ الذكريات
ُ عشاء ً من اللغة العربية:
قال لي الحب
ُّ يوماً: دخلت ُ إلى الحلم وحدي فضعت ُ وضاع َ بي الحلمُ. قلت ُ تكاثرْ! تَر َ النهر
يمشي إليك.
وفي شهر آذار
تكتشف األرض أنهارها.
-4-
بالدي البعيدة
َ عنّي.. كقلبي!
بالدي القريبة
َ مني.. كسجني!
لماذا أغنّي
مكاناً، ووجهي
مكانْ؟
لماذا أغنّي
لطفل ٍ ينام
ُ على الزعفران؟
وفي طرف النوم
خنجر
وأُمّي تناولني
صدرها
وتموت ُ أمامي
بنسمة ِ عنبر؟
-5-ُ
وفي شهر آذار
تستيقظ الخيل
سيّدتي األرضَ!
أي ُّ نشيد
ٍ سيمشي على بطنك المتموِّج، بعدي؟ٍ
َ وأي ُّ نشيديالئم
ُ هذا الندى والبَخُور
كأن َّ الهياكل
تستفسر ُ اآلن عن أنبياء فلسطين َ في بدئها المتواصلِ
هذا اخضرار
ُ المدى واحمرار ُ الحجارة-
هذا نشيدي
وهذا خروج
ُ المسيح من الجرح والريح
أخضر َ مثل
النبات يُغطّي مساميرَه ُ وقيودي
وهذا نشيدي
وهذا صعود
ُ الفتى العربي ّ إلىالحلم والقدس.
في شهر آذار
تستيقظ الخيلُ.
سيّدتي األرضَ!ِ
والقمم ُ اللّولبيَّة
ُ تبسطها الخيل ُ سجّادة ً للصالة ِ السريعة
بين الرماح
وبين دمي.
نصف دائرة
ٍ ترجع ُ الخيل ُ قوسا
وفي شهر آذار
ينخفض ُ البحر ُ عن أرضنا المستطيلة مثل حصان ٍ علىوتر ِ الجنسِ.ّ
في شهر آذار
ينتفض ُ الجنس ُ في شجر الساحل العربي
وللموج أن
يحبس الموج َ ... أن يتموّجَ...أن
يتزوّج ..
أو يتضرّح بالقطن
أرجوك–َسيّدتي
األرض–ِأن تُسكنيني صهيلَكِ
أرجوك أن تدفنيني
مع الفتيات الصغيرات بين البنفسج والبندقية
أرجوك–َسيدتي
األرض–أن تُخْصبي عُمْري َ المتمايل َ بين سؤالين: كيف؟ وأين؟ُّ
وهذا ربيعي
الطليعيُّ
وهذا ربيعي
النهائي
في شهر آذار
زوَّجت ْ األرض ُ أشجارها.
-6-
كأنّي أعود
ُ إلى ما مضى
كأنّي أسير
ُ أمامي
وبين البالط
وبين الرضا
أُعيد ُ انسجاميْ
أنا ولد ُ
الكلمات البسيطهْ
وشهيد ُ الخريطه
أنا زهرة ُ
المشمش العائليَّهْ.
فيا أيّها
القابضون على طرف المستحيل
من البدء حتّى
الجليلَّ
أعيدوا إلي
ّ يدي
أعيدوا إلي
ّ الهويَّهْ!
-7-ٍ
وفي شهر آذار
تأتي الظالل حريرية ً والغزاة ُ بدون ظالل
وتأتي العصافير
ُ غامضة ً كاعتراف البنات
وواضحة ً كالحقولُّ
العصافير ُ
ظلالحقول على القلب والكلمات.
خديجةُ!
-أين حفيداتك
الذاهبات ُ إلى حبِّهن الجديد؟
-ذهبن ليقطفن
بعض الحجارة-
قالت خديجة
ُ وهي تحث ُّ الندى خلفهنّ.ٍ
وفي شهر آذار
يمشي التراب دما ً طازجا ً في الظهيرة. خمس ُ بنات ٍ يخبّئن َ حقال ً من القمح تحت
الضفيرة. يقرأن مطلع أنشودةعلى
دوالي الخليل،
ويكتبن خمس رسائل:
تحيا بالدي
من الصّفْر
ِ حتّى الجليل
ويحلمن بالقدس
بعد امتحان الربيع وطرد الغزاة.
خديجةُ! ال
تغلقي الباب خلفك
ال تذهبي في
السحاب
ستمطر هذا
النهارً
ستمطر ُ هذا
النهار رصاصا
ستمطر ُ هذا
النهار!
وفي شهر آذار،
في سنة االنتفاضة،قالت لنا األرض أسرارها الدّمويّةَ: خمس ُ بنات ٍ على باب مدرسة ابتدائيَّة
ٍ يقتحمن جنود
المظالّت.
يسطع ُ بيت ٌ من الشعر أخضرَ... أخضر.
خمس ُ بنات
ٍ على باب مدرسة ابتدائية ينكسرن مرايا مرايا
البنات ُ مرايا
البالد على القلبِ..
.
-8-
ُ أنا شاهد
ُ المذبحهُ
وشهيد ُ الخريطهُ
أنا ولد ُ
الكلمات ُ البسيطه
رأيت ُ الحصى
أجنِحة
رأيت الندى
أسلِحة
عندما أغلقوا
باب قلبي عليّا
وأقاموا الحواجز
فيّا
ومنع التجوُّلْ
صار قلبي حارةْ
وضلوعي حجارة
وأطل ّ القرنفل
وأطل ّ القرنفل
-9-
وفي شهر آذار
رائحة ٌ للنباتات. هذازواج ُ العناصر. "آذار أقسى الشهور" وأكثرها شَبقاً.
أي ّ سيف ٍ سيعبر ُ بين شهيقي وبين زفيري
وال يتكسَّر
ُ ! هذا عناقي الزّراعي ُّ في ذروة الحبّ. هذا انطالقي إلى العمر.
فاشتبكي يا
نباتات ُ واشتركي في انتفاضة جسمي، وعودة حلمي إلى جسدي.ُ
سوف تنفجر
ُ األرض ُ حين أُحقّقهذا الصراخ المكبّل َ بالري ّ والخجل القرويّ.
وفي شهر آذار
نأتي إلى هوس الذكريات، وتنمو علينا النباتات ُ صاعدة ً في اتّجاهات كل ّ البدايات.
هذا نمو ُّ التداعي. أُسمّي
ُ صعودي إلى
الزنزلخت التداعي. رأيت ُ فتاة ً على شاطئ البحر قبل ثالثين عاما ً وقلتُ: أنا الموجُ،
فابتعدت ْ في التداعي. رأيت
شهيدين يستمعان
إلى البحر: عكّا تجئ مع الموج.
عكّا تروح
مع الموج. وابتعدا في التداعي.
ومالت خديجة
ُ نحو الندى، فاحترقتُ. خديجةُ! ال تغلقي الباب!
إن َّ الشعوب
ستدخل ُ هذا الكتاب وتأفل شمس ُ أريحا بدون ِ طقوس.
فيا وَطَن
َ األنبياء...تكاملْ!
ويا وطن الزارعين
.. تكاملْ!
ويا وطن الشهداء..
. تكامل!
ويا وطن الضائعين
.. تكامل!
فكل ُّ شعاب
الجبال امتداد ٌ لهذا النشيد.
وكل ُّ األناشيد
فيك امتداد ٌ لزيتونة ٍ زمَّلتني.
وال يتكسَّر
ُ ! هذا عناقي الزّراعي ُّ في ذروة الحبّ. هذا انطالقي إلى العمر.
فاشتبكي يا
نباتات ُ واشتركي في انتفاضة جسمي، وعودة حلمي إلى جسدي.ُ
سوف تنفجر
ُ األرض ُ حين أُحقّقهذا الصراخ المكبّل َ بالري ّ والخجل القرويّ.
وفي شهر آذار
نأتي إلى هوس الذكريات، وتنمو علينا النباتات ُ صاعدة ً في اتّجاهات كل ّ البدايات.
هذا نمو ُّ التداعي. أُسمّي
ُ صعودي إلى
الزنزلخت التداعي. رأيت ُ فتاة ً على شاطئ البحر قبل ثالثين عاما ً وقلتُ: أنا الموجُ،
فابتعدت ْ في التداعي. رأيت
شهيدين يستمعان
إلى البحر: عكّا تجئ مع الموج.
عكّا تروح
مع الموج. وابتعدا في التداعي.
ومالت خديجة
ُ نحو الندى، فاحترقتُ. خديجةُ! ال تغلقي الباب!
إن َّ الشعوب
ستدخل ُ هذا الكتاب وتأفل شمس ُ أريحا بدون ِ طقوس.
فيا وَطَن
َ األنبياء...تكاملْ!
ويا وطن الزارعين
.. تكاملْ!
ويا وطن الشهداء..
. تكامل!
ويا وطن الضائعين
.. تكامل!
فكل ُّ شعاب
الجبال امتداد ٌ لهذا النشيد.
وكل ُّ األناشيد
فيك امتداد ٌ لزيتونة ٍ زمَّلتني.
-10-ْ -ْ
مساء ٌ صغير
ٌ على قرية ٍ مُهملهْ
وعيناك نائمتانً
أعود ُ ثالثين
عاما
وخمس َ حروبُ
ْ وأشهدأن
ّ الزمانْ
يخبّئ لي سنبله
يغنّي المغنّي
عن النار والغرباء
وكان المساء
ُ مساء
وكان المغنّي
يُغَنّي
ويستجوبونه:
لماذا تغنّي؟
مساء ٌ صغير
ٌ على قرية ٍ مُهملهْ
وعيناك نائمتانً
أعود ُ ثالثين
عاما
وخمس َ حروبُ
ْ وأشهدأن
ّ الزمانْ
يخبّئ لي سنبله
يغنّي المغنّي
عن النار والغرباء
وكان المساء
ُ مساء
وكان المغنّي
يُغَنّي
ويستجوبونه:
لماذا تغنّي؟
ألنّي أغَنّيُ
وقد فتّشوا
صدرَهْ
فلم يجدوا
غير قلبهْ
وقد فتّشوا
قلبَهْ
فلم يجدوا
غير شعبهُ
وقد فتشوا
صوتَه
ْ فلم يجدواغير
حزنهُ
وقد فتّشوا
حزنَهْ
فلم يجدوا
غير سجنهُ
وقد فتَّشوا
سجنَه
فلم يجدوا
غيرهم في القيود
وراء التّاللً
ينام ُ المغنّي
وحيدا
وفي شهر آذار
تصعد ُ منه
الظالل
ألنّي أغَنّيُ
وقد فتّشوا
صدرَهْ
فلم يجدوا
غير قلبهْ
وقد فتّشوا
قلبَهْ
فلم يجدوا
غير شعبهُ
وقد فتشوا
صوتَه
ْ فلم يجدواغير
حزنهُ
وقد فتّشوا
حزنَهْ
فلم يجدوا
غير سجنهُ
وقد فتَّشوا
سجنَه
فلم يجدوا
غيرهم في القيود
وراء التّاللً
ينام ُ المغنّي
وحيدا
وفي شهر آذار
تصعد ُ منه
الظالل
-11-ُ
أنا األمل
ُ والسهل ُ والرحب–ِقالت لي األرض ُ والعشب ُ
هذا احتمال
ُ الذهاب إلى العمر خلف خديجة. لم يزرعوني لكي يحصدونيَ
يريد الهواء
الجليلي ُّ أن يتكلّم عنّي، فينعس ُ عند خديجة
يريد الغزال
الجليلي ّ أن يهدم اليوم سجني، فيحرس ُ ظل ّ خديجة َ وهي تميل ُ على نارها.
يا خديجةُ!
إنّي رأيت ُ .. وصدّقت ُ رؤياي تأخذني في مداها وتأخذني في هواها.أنا العاشق األبديُّ،
السجين البديهيّ. يقتبس
البرتقال ُ
اخضراري ويصبح ُ هاجس َ يافاَ
أنا األرض
ُ منذ عرفت ُ خديجة
لم يعرفوني
لكي يقتلونيَ
بوسع النبات
الجليلي ّ أن يترعرع بين أصابع كفّي ويرسم هذا المكان الموزّع َ بين اجتهادي وحب ّ
خديجة
ِ هذا احتمال
الذهاب الجديد إلىالعمر من شهر آذار حتّى رحيل الهواء عن األرض
هذا التراب
ُ ترابي
وهذا السحاب
ُ سحابيْ
وهذا جبين
خديجهُّ
أنا العاشق
ُ األبدي–ُّالسجين ُ البديهي
رائحة ُ األرض
تُوقظني في الصباح المبكّر..
قيدي الحديدي
ُّ يوقظها في المساء المبكّر
هذا احتمال
الذهاب ِ الجديد إلىالعمر،
ال يسأل الذاهبون
إلى العمر عن عمرهمْ
يسألون عن
األرض: هل نَهَضَت
طفلتي األرضَ!
هل عرفوك لكي
يذبحوكِ؟
وهل قيّدوك
بأحالمنا فانحدرت ِ إلى جرحنا في الشتاء؟
وهل عرفوك
ِ لكي يذبحوكِ؟
وهل قيّدوك
ِ بأحالمهم فارتفعت ِ إلى حلمنا في الربيعْ؟
أنا األرضُ..
يا أيّهاالذاهبون
إلى حبّة القمح في مهدها
احرثوا جَسَدي!
أيّها الذاهبون
إلى جبل ِ النار
مُرّوا على
جسدي
أيّها الذاهبون
إلى صخرة القدس
مُرّوا على
جسدي
أيّها العابرون
على جسدي
لن تمرّواٍ
أنا األرض
ُ في جَسَد
لن تمروا
أنا األرض
في صحوها
لن تمروا
أنا األرض.
يا أيّها العابرون على األرض في صحوها
لن تمروا
لن تمروا
لن تمروا
!
محمود درويش