Cólera e
Tristeza
A
aldeia em ruínas
como
um espantalho
a
terra rachada
e
os troncos de vossas oliveiras
como
ninhos de coruja ou de corvos
quem
preparou este ano a carreta?
quem
trabalhou a terra?
tu!
onde está teu irmão... onde teu pai
miragens
de
onde vens? de uma muralha?
ou
acaso das nuvens?
velas
pela dignidade dos mortos?
ou
fechas tua porta ao cair da noite?
por
que não te sublevas
desde o momento em que a carne do pai
está
crucificada
sobre
as botas da noite
tu
a amas?
eu
a amei antes de ti
e
tremi em suas margens escuras
era
bela
mas
dançou sobre minha tumba
tu
e eu
pedimos
satisfações à história
à
bandeira que perdeu sua virilidade
quem
somos?
deixa
que a pressa das ruas
beba
na indignidade de nosso estandarte assassinado
por
que não te rebelas
quando
ela estende seus braços aos outros
e
seus seios
temos
suportado a tristeza durante anos
e
o sol não tem nascido
a
tristeza é um fogo que o tempo consome
e
que o vento desperta
e
como domarás o vento
sem
armas
exceto
a coalizão de vento e fogo
numa
pátria violada.
Em:
“Folhas de oliveira” (1964
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