Poema da terra
1
Em março, no ano da Intifada, a terra nos
disse seus segredos de sangue. Em março,
cinco meninas passaram diante da violeta e
do fuzil. Pararam à porta de uma escola
primária e queimaram junto à rosa e o
tomilho. Começaram o canto da terra e se
entregaram ao abraço final. Março chega à
terra vindo de dentro da terra e da dança das
meninas - a violeta se curvou um pouco
para a voz das meninas passar. Os pássaros
esticaram os bicos em direção do canto e
do meu coração.
Eu sou a terra
e a terra é você
Ḫadīja! Não feche a porta
não entre na ausência
vamos expulsá-los do vaso de flores e do
varal
vamos expulsá-los das pedras deste caminho
longo
vamos expulsá-los do ar da Galileia.
Em março, cinco meninas passaram diante da
violeta, do fuzil. Caíram à porta de uma
escola primária. Nos dedos o giz na cor
dos pássaros. Em março a terra nos disse seus
segredos.
2
A terra chamo de extensão da minha alma
as mãos chamo de borda das feridas
e chamo de asas o seixo
e chamo de amêndoa e de figo os pássaros
e chamo de árvore as costelas
e da figueira em meu peito destaco um
ramo,
lanço como uma pedra
e destruo o tanque dos invasores.
3
Em março, trinta anos e cinco guerras
antes,
nasci em cima de um monte de ervas
reluzentes sobre as tumbas.
Meu pai era prisioneiro dos ingleses
enquanto minha mãe cuidava de suas tranças e do
meu crescimento na relva. Eu adorava as
feridas de amor, flor que eu juntava nos
bolsos, e elas murchavam ao meio-dia. Um
tiro atravessou minha lua, e ela não quebrou,
mas o tempo passou por ela e, sem querer,
caiu.
Em março nos estendemos na terra.
Em março a terra se espalha em nós
encontros obscuros,
simples comemorações,
descobrimos o mar debaixo das janelas
e a lua triste no alto do cipreste.
Em março entramos na primeira prisão e no
primeiro amor
as memórias precipitam sobre uma vila
sitiada,
nascemos lá e nunca ultrapassamos as
sombras do marmeleiro.
Como fogem dos meus caminhos, sombras do
marmeleiro?
Em março entramos no primeiro amor
e na primeira prisão
e as memórias iluminam um crepúsculo em
língua árabe:
O amor me diz um dia: Entrei sozinho em
seu sonho, me perdi e o sonho se perdeu em mim. Eu disse: Multiplique-se!
Talvez o rio corra até você.
Em março a terra descobre seus rios.
O termo jurḥ alḥabīb é o nome de um tipo
de flor semelhante ao lírio do campo, ou lírio do vale.
4
Meu país, distante de mim como meu
coração!
Meu país, perto de mim como minha prisão!
Por que cantar
um lugar, se meu rosto é um lugar?
Por que cantar
a uma criança que dorme num montinho de
açafrão
se nas bordas do sonho há uma adaga
se minha mãe me dá o seu peito
e morre na minha frente
numa bufada de âmbar?
5
Em março despertam os cavalos
senhora terra!
Que canção percorrerá o seu ventre
ondulante depois de mim?
Que canção combina esse orvalho com o
incenso
como se os templos agora se questionassem
sobre os profetas da Palestina em seu
contínuo início.
Verdeja a distância e avermelham as pedras
-
Esta é minha canção
e como o Messias evade a ferida e o vento
verde, como as plantas, ele recobre seus
pregos e minhas correntes.
Esta é minha canção.
É como o jovem árabe ascende ao sonho e a
Jerusalém.
Em março despertam os cavalos.
Senhora terra!
Os cavalos fazem da espiral de picos um
tapete de rezas
oram as lanças e meu sangue
fazem um arco da semiesfera
e meu rosto e o teu rosto são Haifa e as
bodas.
Em março o mar se recolhe da nossa terra
estendida como
um cavalo para o sexo.
Em março o sexo se ergue nas árvores da
costa árabe.
As ondas devem confinar as ondas... devem
ondular... devem
se casar... ou afundar no algodão.
Eu lhe imploro, senhora terra, que me
permita habitar o seu relincho.
Eu imploro que me enterre com as pequenas
meninas entre a violeta e o fuzil.
Eu lhe imploro, senhora terra, que
fertilize minha vida dividida entre duas questões:
como? e onde?
Esta é minha primavera primeira.
Esta é minha primavera final.
Em março a terra casou suas árvores.
6
É como se eu voltasse para o que passou
e andasse sempre um passo à frente,
e entre o azulejo e a satisfação
recupero a harmonia.
Sou o menino das palavras simples
sou mártir do mapa
sou a flor nos galhos do damasqueiro.
Pois então, opressores ao limite do
impossível
desde o Sul até a Galileia,
devolvam-me as minhas mãos
devolvam-me a identidade!
7
Em março as sombras chegam sedosas e os
invasores chegam sem sombras
os pássaros vêm obscuros como a confissão
das meninas
às claras como os campos
os pássaros são as sombras dos campos
cobrindo o coração e as palavras.
Ḫadīja!
Onde estão suas netas que foram atrás do
novo amor?
Foram colher procurando pedras -
disse Ḫadīja, enquanto chama por elas
debaixo do orvalho.
Em março a terra anda como um sangue
fresco ao meio-dia. Cinco meninas escondem
um campo de trigo debaixo da trança. Elas
leem os primeiros versos de uma canção
sobre o vinhedo de Hebron, escrevem cinco
cartas:
Viva meu país
do Sul à Galileia
elas sonham com Jerusalém depois das
provas da primavera e da expulsão dos
invasores.
Ḫadīja! Não feche a porta
e não vá nas nuvens
hoje vai chover
vai chover balas
hoje vai chover!
Em março, no ano da Intifada, a terra nos
disse seus segredos de sangue. Cinco meninas
paradas na porta da escola primária se
depararam com os soldados. Brilha um verso
verde... verde. Cinco meninas paradas na
porta da escola primária se quebram como
espelhos
as meninas espelham o país no coração...
Em março a terra queimou suas flores.
8
Sou testemunha da chacina
mártir do mapa
sou o menino das palavras simples
vi o seixo são asas
vi o orvalho são armas
quando fecharam a porta do meu coração em
mim e instalaram fronteiras em mim
e fundaram a proibição de ir e vir
meu coração se tornou uma rua
e minhas costelas viraram pedras
brotou o cravo
brotou o cravo.
9
Em março as plantas têm perfume. É quando
os elementos se casam. “Março é o mais
duro dos meses” e o mais libidinoso. Que
espada atravessa meus soluços e meus
suspiros e não se quebra? Esse é o meu
abraço agrícola no apogeu do amor. É como eu
saio para a vida.
Enrolem-se, plantas, e juntem-se à
intifada do meu corpo e à volta do sonho ao meu
corpo.
A terra explodirá enquanto confirmo esse
grito contido à irrigação e à timidez campesina.
Em março chegamos à obsessão das memórias,
e as plantas crescem em nós brotando
em todas as direções. É como crescem as
lembranças. Chamo de lembrança minha
subida no cinamomo. Vi uma menina à beira
do mar há 30 anos e disse: Eu sou a onda,
e ela se afastou na lembrança. Vi dois
mártires escutando o mar: Acre vem com a onda.
Acre vai com a onda. Os dois se afastam na
lembrança.
Ḫadīja inclinou-se em direção ao orvalho,
e eu me queimei. Ḫadīja! Não feche a porta!
Que os povos entrarão neste livro e o sol
de Jericó se esconde sem cerimônias.
Nação de profetas... seja inteira!
Nação de semeadores... seja inteira!
Nação de mártires... seja inteira!
Nação de refugiados... seja inteira!
Cada caminho das montanhas é uma extensão
desse canto.
Todas as canções em você são extensões de
uma oliveira que me envolve.
3 Espécie de árvore também conhecida como
Amargoseira.
10
Uma noite pequena numa vila abandonada
e seus olhos dormem
volto trinta anos
e cinco guerras
vejo que o tempo
guardou para mim uma espiga
canta o cantor
a respeito de fogo e de ausentes
a noite era noite
e o cantor cantava.
Perguntaram a ele:
Por que você canta?
Ele respondeu:
porque eu canto.
Procuraram em seu peito
mas só encontraram o coração
e procuraram no seu coração
mas só encontraram o povo
e procuraram na sua voz
mas só encontraram a tristeza
e procuraram na sua tristeza
mas só encontraram a prisão
e procuraram na sua prisão
mas só encontraram as correntes.
Atrás das colinas
dorme sozinho o cantor
e em março
brotam nele as sombras.
11
Eu sou a esperança, a costa, a vastidão -
disseram-me a terra e a relva, como se me
saudassem na aurora.
Esse é o preço de viver por Ḫadīja. Não
fui plantado para ser colhido.
O ar da Galileia quer falar de mim, mas
adormece quando está em Ḫadīja.
As gazelas da Galileia querem hoje
destruir o meu cárcere, mas velam a sombra de
Ḫadīja, enquanto ela se inclina sobre o
seu fogo.
Ḫadīja! Eu vi... confirmo o que vi, ela me
tomou em toda a sua extensão, em todo o seu
ar.
Sou o eterno apaixonado, o prisioneiro por
natureza.
A laranja tomou o meu verde e se fez a
ideia de Jafa.
Eu sou a terra desde que conheci Ḫadīja.
Não fui conhecido para ser morto.
A planta da Galileia tem o poder de florir
entre os dedos da minha mão e de desenhar
esse lugar disperso entre meu esforço e o
amor de Ḫadīja.
É o preço de se viver de novo o mês de
março
até que o ar abandone a terra.
Esta terra é minha terra
esta nuvem é minha nuvem
e esta é a fronte de Ḫadīja.
Sou o eterno apaixonado – o prisioneiro
por natureza
o cheiro da terra me acorda no início da
manhã...
e a minha corrente de ferro o acorda no
início da noite.
Este é o preço de se viver de novo.
Os que buscam a vida não perguntam pela
vida
perguntam pela terra: já se levantou
minha criança, a terra?
Você foi conhecida para ser degolada?
Prenderam você nos nossos sonhos, e com
isso você desceu até as nossas feridas no
inverno?
Você foi conhecida para ser degolada?
Prenderam você nos sonhos deles, e com
isso você subiu até os nossos sonhos na
primavera?
Eu sou a terra...
Vocês que buscam a semente de trigo em seu
berço
arem meu corpo!
Vocês que vão à montanha de fogo
passem sobre o meu corpo!
Vocês que vão à Rocha de Jerusalém
passem sobre o meu corpo!
Vocês que passam sobre o meu corpo
Não passarão!
Eu sou a terra em um corpo
Não passarão!
Eu sou a terra que desperta
Não passarão!
Eu sou a terra. Vocês que passam sobre a
terra que desperta
Não passarão!
Não passarão!
Não passarão
-1-
في شهرآذارَ،
في سَنَة االنتفاضة، قالت ْ لنا األرض ُ أسرارَها الدمويَّةَ. في شهر آذار َ مَرّت
ْ أمام البنفسج والبندقيّة خمس بناتٍ.
وقَفْن َ على
باب مدرسة ابتدائية، واشتعلن مع الورد والزعتر ِ البلديّ. افتتحن َ نشيد التراب. دخلن
العناق َ النهائي–آذار ُ يأتي إلى
األرض منباطن
األرض يأتي، ومن رقصة الفتيات–البنفسج ُ مال قليال ً ليعبر صوت ُ البنات. العصافير
ُ مَدّت ْ مناقيرها في اتّجاه
النشيد وقلبي.ُ
أنا األرضِ
واألرض ُ أنت
خديجة ُ !
ال تغلقي الباب
ال تدخلي في
الغياب
سنطردهم من
إناء الزهور وحبل الغسيل
سنطردهم عن
حجارة هذا الطريق الطويل
سنطردهم من
هواء الجليل.
وفي شهر آذار،
مرّت أمام البنفسج والبندقيّة خمس ُ بناتٍ. سقطن على باب مدرسة ٍ ابتدائية. للطباشير
فوق األصابع لون ُ العصافيرِ.
في شهر آذار
قالت لنا األرض أسرارها.
-2-
أُسمّي التراب
َ امتدادا ً لروحيِ
أُسمّي يدي
ّ رصيف َ الجروح
ْ أُسمّيالحصى
أجنحه
أُسمّي العصافير
لوزا ً وتينْ
أُسمّي ضلوعي
شجرً
وأستل ّ من
تينة الصدر غصناْ
وأقذفه ُ كالحجر
وأنسف ُ دبّابة
َ الفاتحين .
-3-
وفي شهر آذار،
قبل ثالثين عاما ً وخمس حروب،
وُلدت ُ على
كومة من حشيش القبور المضيء.
عند الظهيرة،
مَر ّ الرصاص ُ على قمري الليلكي ِّ فلم ينكسرْ، غير أن ّ الزمان يَمر ّ على قَمَري
الليلكي ِّ فيسقط ُ سهواً...ِ
وفي شهر آذار
نمتد ُّ في األرض
في شهر آذار
تنتشر ُ األرض ُ فيناً
مواعيد َ غامضةً
واحتفاال ً
بسيطا
ونكتشف البحر
َ تحت النوافذ
والقمر َ الليلكي
َّ على السروٍّ
في شهر آذار
ندخل ُ أوّل سجن ٍ وندخل ُ أوّل حُب
وتنهمر ُ الذكريات
ُ على قرية ً في السياجِ
وُلدنا هناك
ولم نتجاوز ظالل السفرجل
كيف تفرّين
من سُبُلي يا ظالل السفرجل؟
ٍّفي شهر آذارندخل
ُ أوّل حُبٍ
وندخل ُ أوّل
سجن
وتنبلج ُ الذكريات
ُ عشاء ً من اللغة العربية:
قال لي الحب
ُّ يوماً: دخلت ُ إلى الحلم وحدي فضعت ُ وضاع َ بي الحلمُ. قلت ُ تكاثرْ! تَر َ النهر
يمشي إليك.
وفي شهر آذار
تكتشف األرض أنهارها.
-4-
بالدي البعيدة
َ عنّي.. كقلبي!
بالدي القريبة
َ مني.. كسجني!
لماذا أغنّي
مكاناً، ووجهي
مكانْ؟
لماذا أغنّي
لطفل ٍ ينام
ُ على الزعفران؟
وفي طرف النوم
خنجر
وأُمّي تناولني
صدرها
وتموت ُ أمامي
بنسمة ِ عنبر؟
-5-ُ
وفي شهر آذار
تستيقظ الخيل
سيّدتي األرضَ!
أي ُّ نشيد
ٍ سيمشي على بطنك المتموِّج، بعدي؟ٍ
َ وأي ُّ نشيديالئم
ُ هذا الندى والبَخُور
كأن َّ الهياكل
تستفسر ُ اآلن عن أنبياء فلسطين َ في بدئها المتواصلِ
هذا اخضرار
ُ المدى واحمرار ُ الحجارة-
هذا نشيدي
وهذا خروج
ُ المسيح من الجرح والريح
أخضر َ مثل
النبات يُغطّي مساميرَه ُ وقيودي
وهذا نشيدي
وهذا صعود
ُ الفتى العربي ّ إلىالحلم والقدس.
في شهر آذار
تستيقظ الخيلُ.
سيّدتي األرضَ!ِ
والقمم ُ اللّولبيَّة
ُ تبسطها الخيل ُ سجّادة ً للصالة ِ السريعة
بين الرماح
وبين دمي.
نصف دائرة
ٍ ترجع ُ الخيل ُ قوسا
وفي شهر آذار
ينخفض ُ البحر ُ عن أرضنا المستطيلة مثل حصان ٍ علىوتر ِ الجنسِ.ّ
في شهر آذار
ينتفض ُ الجنس ُ في شجر الساحل العربي
وللموج أن
يحبس الموج َ ... أن يتموّجَ...أن
يتزوّج ..
أو يتضرّح بالقطن
أرجوك–َسيّدتي
األرض–ِأن تُسكنيني صهيلَكِ
أرجوك أن تدفنيني
مع الفتيات الصغيرات بين البنفسج والبندقية
أرجوك–َسيدتي
األرض–أن تُخْصبي عُمْري َ المتمايل َ بين سؤالين: كيف؟ وأين؟ُّ
وهذا ربيعي
الطليعيُّ
وهذا ربيعي
النهائي
في شهر آذار
زوَّجت ْ األرض ُ أشجارها.
-6-
كأنّي أعود
ُ إلى ما مضى
كأنّي أسير
ُ أمامي
وبين البالط
وبين الرضا
أُعيد ُ انسجاميْ
أنا ولد ُ
الكلمات البسيطهْ
وشهيد ُ الخريطه
أنا زهرة ُ
المشمش العائليَّهْ.
فيا أيّها
القابضون على طرف المستحيل
من البدء حتّى
الجليلَّ
أعيدوا إلي
ّ يدي
أعيدوا إلي
ّ الهويَّهْ!
-7-ٍ
وفي شهر آذار
تأتي الظالل حريرية ً والغزاة ُ بدون ظالل
وتأتي العصافير
ُ غامضة ً كاعتراف البنات
وواضحة ً كالحقولُّ
العصافير ُ
ظلالحقول على القلب والكلمات.
خديجةُ!
-أين حفيداتك
الذاهبات ُ إلى حبِّهن الجديد؟
-ذهبن ليقطفن
بعض الحجارة-
قالت خديجة
ُ وهي تحث ُّ الندى خلفهنّ.ٍ
وفي شهر آذار
يمشي التراب دما ً طازجا ً في الظهيرة. خمس ُ بنات ٍ يخبّئن َ حقال ً من القمح تحت
الضفيرة. يقرأن مطلع أنشودةعلى
دوالي الخليل،
ويكتبن خمس رسائل:
تحيا بالدي
من الصّفْر
ِ حتّى الجليل
ويحلمن بالقدس
بعد امتحان الربيع وطرد الغزاة.
خديجةُ! ال
تغلقي الباب خلفك
ال تذهبي في
السحاب
ستمطر هذا
النهارً
ستمطر ُ هذا
النهار رصاصا
ستمطر ُ هذا
النهار!
وفي شهر آذار،
في سنة االنتفاضة،قالت لنا األرض أسرارها الدّمويّةَ: خمس ُ بنات ٍ على باب مدرسة ابتدائيَّة
ٍ يقتحمن جنود
المظالّت.
يسطع ُ بيت ٌ من الشعر أخضرَ... أخضر.
خمس ُ بنات
ٍ على باب مدرسة ابتدائية ينكسرن مرايا مرايا
البنات ُ مرايا
البالد على القلبِ..
.
-8-
ُ أنا شاهد
ُ المذبحهُ
وشهيد ُ الخريطهُ
أنا ولد ُ
الكلمات ُ البسيطه
رأيت ُ الحصى
أجنِحة
رأيت الندى
أسلِحة
عندما أغلقوا
باب قلبي عليّا
وأقاموا الحواجز
فيّا
ومنع التجوُّلْ
صار قلبي حارةْ
وضلوعي حجارة
وأطل ّ القرنفل
وأطل ّ القرنفل
-9-
وفي شهر آذار
رائحة ٌ للنباتات. هذازواج ُ العناصر. "آذار أقسى الشهور" وأكثرها شَبقاً.
أي ّ سيف ٍ سيعبر ُ بين شهيقي وبين زفيري
وال يتكسَّر
ُ ! هذا عناقي الزّراعي ُّ في ذروة الحبّ. هذا انطالقي إلى العمر.
فاشتبكي يا
نباتات ُ واشتركي في انتفاضة جسمي، وعودة حلمي إلى جسدي.ُ
سوف تنفجر
ُ األرض ُ حين أُحقّقهذا الصراخ المكبّل َ بالري ّ والخجل القرويّ.
وفي شهر آذار
نأتي إلى هوس الذكريات، وتنمو علينا النباتات ُ صاعدة ً في اتّجاهات كل ّ البدايات.
هذا نمو ُّ التداعي. أُسمّي
ُ صعودي إلى
الزنزلخت التداعي. رأيت ُ فتاة ً على شاطئ البحر قبل ثالثين عاما ً وقلتُ: أنا الموجُ،
فابتعدت ْ في التداعي. رأيت
شهيدين يستمعان
إلى البحر: عكّا تجئ مع الموج.
عكّا تروح
مع الموج. وابتعدا في التداعي.
ومالت خديجة
ُ نحو الندى، فاحترقتُ. خديجةُ! ال تغلقي الباب!
إن َّ الشعوب
ستدخل ُ هذا الكتاب وتأفل شمس ُ أريحا بدون ِ طقوس.
فيا وَطَن
َ األنبياء...تكاملْ!
ويا وطن الزارعين
.. تكاملْ!
ويا وطن الشهداء..
. تكامل!
ويا وطن الضائعين
.. تكامل!
فكل ُّ شعاب
الجبال امتداد ٌ لهذا النشيد.
وكل ُّ األناشيد
فيك امتداد ٌ لزيتونة ٍ زمَّلتني.
وال يتكسَّر
ُ ! هذا عناقي الزّراعي ُّ في ذروة الحبّ. هذا انطالقي إلى العمر.
فاشتبكي يا
نباتات ُ واشتركي في انتفاضة جسمي، وعودة حلمي إلى جسدي.ُ
سوف تنفجر
ُ األرض ُ حين أُحقّقهذا الصراخ المكبّل َ بالري ّ والخجل القرويّ.
وفي شهر آذار
نأتي إلى هوس الذكريات، وتنمو علينا النباتات ُ صاعدة ً في اتّجاهات كل ّ البدايات.
هذا نمو ُّ التداعي. أُسمّي
ُ صعودي إلى
الزنزلخت التداعي. رأيت ُ فتاة ً على شاطئ البحر قبل ثالثين عاما ً وقلتُ: أنا الموجُ،
فابتعدت ْ في التداعي. رأيت
شهيدين يستمعان
إلى البحر: عكّا تجئ مع الموج.
عكّا تروح
مع الموج. وابتعدا في التداعي.
ومالت خديجة
ُ نحو الندى، فاحترقتُ. خديجةُ! ال تغلقي الباب!
إن َّ الشعوب
ستدخل ُ هذا الكتاب وتأفل شمس ُ أريحا بدون ِ طقوس.
فيا وَطَن
َ األنبياء...تكاملْ!
ويا وطن الزارعين
.. تكاملْ!
ويا وطن الشهداء..
. تكامل!
ويا وطن الضائعين
.. تكامل!
فكل ُّ شعاب
الجبال امتداد ٌ لهذا النشيد.
وكل ُّ األناشيد
فيك امتداد ٌ لزيتونة ٍ زمَّلتني.
-10-ْ -ْ
مساء ٌ صغير
ٌ على قرية ٍ مُهملهْ
وعيناك نائمتانً
أعود ُ ثالثين
عاما
وخمس َ حروبُ
ْ وأشهدأن
ّ الزمانْ
يخبّئ لي سنبله
يغنّي المغنّي
عن النار والغرباء
وكان المساء
ُ مساء
وكان المغنّي
يُغَنّي
ويستجوبونه:
لماذا تغنّي؟
مساء ٌ صغير
ٌ على قرية ٍ مُهملهْ
وعيناك نائمتانً
أعود ُ ثالثين
عاما
وخمس َ حروبُ
ْ وأشهدأن
ّ الزمانْ
يخبّئ لي سنبله
يغنّي المغنّي
عن النار والغرباء
وكان المساء
ُ مساء
وكان المغنّي
يُغَنّي
ويستجوبونه:
لماذا تغنّي؟
ألنّي أغَنّيُ
وقد فتّشوا
صدرَهْ
فلم يجدوا
غير قلبهْ
وقد فتّشوا
قلبَهْ
فلم يجدوا
غير شعبهُ
وقد فتشوا
صوتَه
ْ فلم يجدواغير
حزنهُ
وقد فتّشوا
حزنَهْ
فلم يجدوا
غير سجنهُ
وقد فتَّشوا
سجنَه
فلم يجدوا
غيرهم في القيود
وراء التّاللً
ينام ُ المغنّي
وحيدا
وفي شهر آذار
تصعد ُ منه
الظالل
ألنّي أغَنّيُ
وقد فتّشوا
صدرَهْ
فلم يجدوا
غير قلبهْ
وقد فتّشوا
قلبَهْ
فلم يجدوا
غير شعبهُ
وقد فتشوا
صوتَه
ْ فلم يجدواغير
حزنهُ
وقد فتّشوا
حزنَهْ
فلم يجدوا
غير سجنهُ
وقد فتَّشوا
سجنَه
فلم يجدوا
غيرهم في القيود
وراء التّاللً
ينام ُ المغنّي
وحيدا
وفي شهر آذار
تصعد ُ منه
الظالل
-11-ُ
أنا األمل
ُ والسهل ُ والرحب–ِقالت لي األرض ُ والعشب ُ
هذا احتمال
ُ الذهاب إلى العمر خلف خديجة. لم يزرعوني لكي يحصدونيَ
يريد الهواء
الجليلي ُّ أن يتكلّم عنّي، فينعس ُ عند خديجة
يريد الغزال
الجليلي ّ أن يهدم اليوم سجني، فيحرس ُ ظل ّ خديجة َ وهي تميل ُ على نارها.
يا خديجةُ!
إنّي رأيت ُ .. وصدّقت ُ رؤياي تأخذني في مداها وتأخذني في هواها.أنا العاشق األبديُّ،
السجين البديهيّ. يقتبس
البرتقال ُ
اخضراري ويصبح ُ هاجس َ يافاَ
أنا األرض
ُ منذ عرفت ُ خديجة
لم يعرفوني
لكي يقتلونيَ
بوسع النبات
الجليلي ّ أن يترعرع بين أصابع كفّي ويرسم هذا المكان الموزّع َ بين اجتهادي وحب ّ
خديجة
ِ هذا احتمال
الذهاب الجديد إلىالعمر من شهر آذار حتّى رحيل الهواء عن األرض
هذا التراب
ُ ترابي
وهذا السحاب
ُ سحابيْ
وهذا جبين
خديجهُّ
أنا العاشق
ُ األبدي–ُّالسجين ُ البديهي
رائحة ُ األرض
تُوقظني في الصباح المبكّر..
قيدي الحديدي
ُّ يوقظها في المساء المبكّر
هذا احتمال
الذهاب ِ الجديد إلىالعمر،
ال يسأل الذاهبون
إلى العمر عن عمرهمْ
يسألون عن
األرض: هل نَهَضَت
طفلتي األرضَ!
هل عرفوك لكي
يذبحوكِ؟
وهل قيّدوك
بأحالمنا فانحدرت ِ إلى جرحنا في الشتاء؟
وهل عرفوك
ِ لكي يذبحوكِ؟
وهل قيّدوك
ِ بأحالمهم فارتفعت ِ إلى حلمنا في الربيعْ؟
أنا األرضُ..
يا أيّهاالذاهبون
إلى حبّة القمح في مهدها
احرثوا جَسَدي!
أيّها الذاهبون
إلى جبل ِ النار
مُرّوا على
جسدي
أيّها الذاهبون
إلى صخرة القدس
مُرّوا على
جسدي
أيّها العابرون
على جسدي
لن تمرّواٍ
أنا األرض
ُ في جَسَد
لن تمروا
أنا األرض
في صحوها
لن تمروا
أنا األرض.
يا أيّها العابرون على األرض في صحوها
لن تمروا
لن تمروا
لن تمروا
!
محمود درويش
Sem comentários:
Enviar um comentário