terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Comunista - Cyril Mokaiesh



Paroles de la chanson
Communiste

Ça les perdra
De mondialiser l'injustice
D's'en asperger de bénéfices
Ça les perdra
De cocooner le patronat
De « bouclieriser » l'élite
Qui t'embauche pas

Mais qui profite
De ses villas la la
A Ibiza c'est fantastique
Un bain de minuit dans le capital
Pendant qu' t 'as mal aux Assedics
Et moi…

J'suis communiste
A c'qui paraît
Rien d'héroïque
Oui mais
J'suis communiste
Quoi ça… Quoi ça…

Ça fait pas chic
Oula …

Ça les perdra
De vampiriser la révolte
De ratiboiser la culture
Pour t' ramollir toi qui taffe dur
Et te trainer ner ner
A l'usine de Cholet
Sur des machines à licencier
Mais moi…

J'suis communiste
A c'qui paraît
Rien d'héroïque
Oui mais
J'suis communiste
Quoi ça… Quoi ça…
Ça fait pas chic
Oula …
Li la la li la

Ça les perdra comme on se perd
Ça les perdra de nous distraire
A vouloir tout repeindre en vert
A part l Afrique
Pour ça la crise, c'est bien pratique...

J'suis communiste
A c'qui paraît
Rien d'héroïque
Oui mais
J'suis communiste
Et puis quoi, et puis quoi
J'suis « dalai lamiste »
A peu près
« A bout d' neriste »
Tu te doutais
J'suis « jeune branleuriste »
Ok
« Fils d'avocatiste »
Libanais
J'suis « cheguevariste »
S'te plait
« Nymphomaniste »
Vers juin juillet
J'suis « méfie-toitiste »
Sans arrêt
« Absurditiste »
« Suicidairiste »
Tu le croirais ?


‘Communista’
Isso os perderá
De globalizar a injustiça
De se espargir de benefícios
Isso os perderá
De proteger o patronato
De "defender" a elite
Que não te dá emprego

Mas quem beneficia
De suas mansões la la
Em Ibiza é fantástico
Um banho de capital à meia-noite
Enquanto tens problemas de apoio social
E eu ...

Eu sou comunista
Ao que parece
Nada de heroico
Sim, mas
Eu sou comunista
E então… e então?...
Não é bonito
É pá…

Isso os perderá
Vampirizar a revolta
Arruinar a cultura
Para amolecer tu que
Trabalhas no duro
E te arrastas
P’rá fábrica de Cholet
com máquinas de despedir
Mas eu ...

Eu sou comunista
Ao que parece
Nada heróico
Sim, mas
Eu sou comunista
O que é isso ... o que é isso...
Não é bonito
É pá…
Li la la li li

Isso os perderá como nos perdemos
Isso os perderá por nos distrair
Ao querer tudo embelezar
Além d’ África
Para isso, a crise é muito prática ...

Eu sou comunista
Ao que parece
Nada heroico
Sim, mas
Eu sou comunista
E então, e então…
Eu sou "dalai lamista"
Mais ou menos
"No final do espaço"
Duvidas
Eu sou um "jovem laxista"
Ok
"Filho de advogatista"
libanês
Eu sou "cheguevarista"
Por favor
"Ninfomanista"
Por volda de  junho julho
Eu sou "desconfiadista"
Sempre
"Absurdista"
"Suicidairista"
Acreditarias?
Cyril Mokaiesh

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Papo de Índio - Chacal (Ricardo de Carvalho Duarte)

Papo de Índio

Veiu uns ômi di saia preta
cheiu di caixinha e pó branco
qui eles disserum qui chamava açucri
aí eles falarum e nós fechamu a cara
depois eles arrepitirum e nós fechamu o corpo
aí eles insistirum e nós comemu eles.

vocês repararam como o povo anda triste ?
é a cachaça que subiu de preço
a cachaça e outros gêneros de primeira
necessidade
cachaça a dois contos, ora veja,
veja a hora,
que horas são,
atenção
apontar:

FOGO

(Ricardo de Carvalho Duarte)

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

O POVO AO PODER - CASTRO ALVES

O POVO AO PODER

Quando nas praças s'eleva
Do Povo a sublime voz...
Um raio ilumina a treva
O Cristo assombra o algoz...

Que o gigante da calçada
De pé sobre a barrica
Desgrenhado, enorme, nu
Em Roma é catão ou Mário,

É Jesus sobre o Cálvario,
É Garibaldi ou Kosshut.

A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor!

Senhor!... pois quereis a praça?
Desgraçada a populaça
Só tem a rua seu...
Ninguém vos rouba os castelos

Tendes palácios tão belos...
Deixai a terra ao Anteu.

Na tortura, na fogueira...
Nas tocas da inquisição
Chiava o ferro na carne
Porém gritava a aflição.
Pois bem...nest'hora poluta

Nós bebemos a cicuta
Sufocados no estertor;
Deixai-nos soltar um grito
Que topando no infinito

Talvez desperte o Senhor.

A palavra! Vós roubais-la
Aos lábios da multidão
Dizeis, senhores, à lava
Que não rompa do vulcão.
Mas qu'infâmia! Ai, velha Roma,
Ai cidade de Vendoma,
Ai mundos de cem heróis,
Dizei, cidades de pedra,
Onde a liberdade medra
Do porvir aos arrebóis.

Dizei, quando a voz dos Gracos
Tapou a destra da lei?
Onde a toga tribunícia
Foi calcada aos pés do rei?
Fala, soberba Inglaterra,
Do sul ao teu pobre irmão;
Dos teus tribunos que é feito?
Tu guarda-os no largo peito
Não no lodo da prisão.
No entanto em sombras tremendas
Descansa extinta a nação
Fria e treda como o morto.
E vós, que sentis-lhes os pulso
Apenas tremer convulso
Nas extremas contorções...
Não deixais que o filho louco
Grite "oh! Mãe, descansa um pouco
Sobre os nossos corações".

Mas embalde... Que o direito
Não é pasto de punhal.
Nem a patas de cavalos
Se faz um crime legal...
Ah! Não há muitos setembros,
Da plebe doem os membros
No chicote do poder,
E o momento é malfadado
Quando o povo ensangüentado
Diz: já não posso sofrer.

Pois bem! Nós que caminhamos
Do futuro para a luz,
Nós que o Calvário escalamos
Levando nos ombros a cruz,
Que do presente no escuro
Só temos fé no futuro,
Como alvorada do bem,
Como Laocoonte esmagado
Morreremos coroado
Erguendo os olhos além.

Irmão da terra da América,
Filhos do solo da cruz,
Erguei as frontes altivas,
Bebei torrentes de luz...
Ai! Soberba populaça,
Dos nossos velhos Catões,
Lançai um protesto, ó povo,
Protesto que o mundo novo
Manda aos tronos e às nações.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

PROJECTO DE PREFÁCIO - Mário Quintana




Fere de leve a frase… E esquece… Nada
Convém que se repita…
em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.

PROJECTO DE PREFÁCIO

Sábias agudezas… refinamentos…
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre…
Um poema que não te ajuda a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.