O ASSADOR DE CASTANHAS
O assador de castanhas
ali na esquina
da Praceta da Palestina
em serena prece à quietude universal
escreve no fumo branco e fugaz
que se funde no ar
a palavra PAZ.
Na canção do silêncio
ali na esquina
da Praceta da Palestina
ergue-se a voz de tanta gente
no fumo branco e fugaz
que se esvai pelo ar
gritando Palestina independente
queremos a PAZ.
O assador de castanhas
rasga as páginas amarelas
com milhares de nomes dentro delas
e embrulha as castanhas
numa dúzia de pessoas
entoando quentes e boas
no fumo branco e fugaz
que sobe no ar
com a palavra PAZ.
Talvez o nosso nome esteja lá
envolvendo as castanhas
ali na esquina
da Praceta da Palestina
e a consciência adormecida
de atrocidades tamanhas
a todos acorde a gritar
no fumo branco e fugaz
que se perde no ar
queremos a PAZ.
Neste caminho cruel
em que o mundo se perde
a cantar e a dançar
alheio a genocídios
e a toda a fome de matar
o assador de castanhas
ali na esquina
da Praceta da Palestina
em serena ode à quietude universal
escreve no fumo branco e fugaz
que se ergue no ar
a palavra PAZ.
In, A
Viagem dos Argonautas