sábado, 13 de outubro de 2012

ERGUE-TE E ANDA - Antero de Quental

A UM POETA
(surge et ambula)
‘ergue-te e anda

Tu que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno.
Acorda! É tempo! O sol, alto e pleno
Afugentou as
larvas tumulares
Para surgir do seio desses mares
Um mundo novo espera um aceno
Escuta! É a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! São canções
Mas de guerra… e são vozes de rebate!
Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos
raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!
Antero de Quental
Sonetos, 1886

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