sexta-feira, 21 de junho de 2013

Günter Grass - Um Canto à Grécia



Günter Grass

Um Canto à Grécia

A desonra da Europa

À beira do caos, porque não conforme com o mercado,
não és  o país de berço do teu legado.

O que buscado com a alma, como achado te valia,
Agora pois é depreciado, com valor do entulho mal reputado.

Como devedor exposto nu ao pelourinho, padece um país
A quem dever tributos, era o discurso dos brancos colarinhos.

País à pobreza condenado, cuja riqueza
De modo cultivado os museus decora: o botim por ti vigiado.

Os que a terra por ilhas abençoada 
assaltaram pela violência boçal
Com suas suásticas traziam Hölderlin no bornal.

Mal aturado país, cujos coronéis outrora por ti
Como parceiros da aliança foram consentidos.

Terra sem lei, a quem o sabe-tudo, o Poder,
Aperta teu cinto, a torcer e torcer.

Apesar de ti, Antígone se veste de preto, e país afora
o povo, cujo hóspede foste tu, traja luto e chora.

fora do país, tudo o que reluz como o ouro
O séquito de Creso acoitou em baús do teu tesouro.

Bebe, afogate de uma vez! - berra a claque dos comissários,
Mas cheio até a borda, Sócrates devolve-te o cálice
encolerizado.


Amaldiçoar o que te é próprio os deuses irão
De cujo Olimpo tua vontade pede a desapropriação.

Fenecerás de espírito, da terra destituída
Por cuja alma tu, Europa, foste concebida.

[Tradução: Frederico Füllgraf]

Europas Schande
Ein Gedicht von Günter Grass
Dem Chaos nah, weil dem Markt nicht gerecht,
bist fern Du dem Land, das die Wiege Dir lieh.
Was mit der Seele gesucht, gefunden Dir galt,
wird abgetan nun, unter Schrottwert taxiert.
Als Schuldner nackt an den Pranger gestellt, leidet ein Land,
dem Dank zu schulden Dir Redensart war.
Zur Armut verurteiltes Land, dessen Reichtum
gepflegt Museen schmückt: von Dir gehütete Beute.
Die mit der Waffen Gewalt das inselgesegnete Land
heimgesucht, trugen zur Uniform Hölderlin im Tornister.
Kaum noch geduldetes Land, dessen Obristen von Dir
einst als Bündnispartner geduldet wurden.
Rechtloses Land, dem der Rechthaber Macht
den Gürtel enger und enger schnallt.
Dir trotzend trägt Antigone Schwarz und landesweit
kleidet Trauer das Volk, dessen Gast Du gewesen.
Außer Landes jedoch hat dem Krösus verwandtes Gefolge
alles, was gülden glänzt gehortet in Deinen Tresoren.
Sauf endlich, sauf! schreien der Kommissare Claqueure,
doch zornig gibt Sokrates Dir den Becher randvoll zurück.
Verfluchen im Chor, was eigen Dir ist, werden die Götter,
deren Olymp zu enteignen Dein Wille verlangt.
Geistlos verkümmern wirst Du ohne das Land,
dessen Geist Dich, Europa, erdac

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