terça-feira, 12 de novembro de 2013

OS FAZEDORES DE PROMESSAS - Armando Artur

OS FAZEDORES DE PROMESSAS
Ao H. Bacanani

Como destilar verdades
nestas
palavras com odor a mofo?
até eu poderia emprestar-lhes um ar de sândalo
não fosse a febre nocturna dos búzios.
muito que os fazedores de promessas
Emigraram
sem que ninguém os lembrasse
dos
gestos obscenos deixados para trás.
Quantos sonhos cabem numa palavra?
E quantas
lágrimas numa cabaça?
Diziam-me
que o mundo era pertença de todos.
E enganaram-me
quando não acreditei.
Pois as palavras não enchem a panela de barro.
o Inverno sabe o quão é difícil
suportar as folhas caídas nas estepes.
Mas nenhuma ausência os entristece?
Nem mesmo a dor os alucina?
Armando Artur

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