OS FAZEDORES DE PROMESSAS
Ao H. Bacanani
Como destilar verdadesnestas palavras com odor a mofo?
até eu poderia emprestar-lhes um ar de sândalo
não fosse a febre nocturna dos búzios.
Há muito que os fazedores de promessas
Emigraram sem que ninguém os lembrasse
dos gestos obscenos deixados para trás.
Quantos sonhos cabem numa palavra?
E quantas lágrimas numa cabaça?
Diziam-me que o mundo era pertença de todos.
E enganaram-me quando não acreditei.
Pois as palavras já não enchem a panela de barro.
Só o Inverno sabe o quão é difícil
suportar as folhas caídas nas estepes.
Mas nenhuma ausência os entristece?
Nem mesmo a dor os alucina?
Armando Artur
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