A que
morreu às portas de Madrid,
Com uma praga na boca
E a espingarda
na mão,
Teve a sorte
que quis,
Teve o fim
que escolheu.
Nunca, passiva e aterrada, ela rezou.
E antes
de flor, foi, como
tantas, pomo.
Ninguém a virgindade lhe
roubou
Depois de um saque
- antes a deu
A quem
lha desejou,
Na lama
dum reduto,
Sem náusea mas
sem cio,
Sob a manta comum,
A pretexto
do frio.
Não quis na retaguarda aligeirar,
Entre «champagne», aos generais senis,
As horas
de lazer.
Não quis, ativa
e boa, tricotar
Agasalhos pueris,
No sossego
dum lar.
Não sonhou minorar,
Num heroísmo
branco,
De bicho
de hospital,
A aflição
dos aflitos.
Uma noite,
às portas de Madrid,
Com uma praga na boca
E a espingarda
na mão,
À hora
tal, atacou e morreu.
Teve a sorte
que quis.
Teve o fim
que escolheu.
Reinaldo
(Edgar de Azevedo e Silva) Ferreira
20/3/1922 – 30/6/1959
Nota: A.P.Braga
tem uma canção (não
publicada) com este
poema.
1 comentário:
Estamos sempre a desnascer
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