IV
De mãos no feno pela tarde inteira
a ver
o tempo correndo no arado,
fomos a descobrir a vida do outro lado
da própria vida que nos é estrangeira.
Vivemos milho, suor, frescura de água,
demos as mãos,
vimos flores, falámos
com os homens, mulheres, crianças,
tudo,
que vimos removendo admirados
a terra
e o seu húmus
fundo e mudo.
As nossas mãos correram peles
de gado
perderam-se no milho feito grão,
bebemos vinho novo, conversámos
sentados pela erva ou sobre o barro
do nosso mesmo chão.
Eduardo Valente
da Fonseca
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