Natal
De repente o sol raiouE o galo cocoricou:
- Cristo nasceu!
O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:
- Aonde? Aonde?
Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:
- Em Belém! Em Belém!
Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:
- Foi sim que eu estava lá!
E o papagaio que é gira
Pôs-se a falar:
- É mentira!
Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.
O pombal todo arrulhava:
- Cruz credo! Cruz credo!
Vinicius de Moraes
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