sábado, 15 de outubro de 2016

Amaria Gostava - Miguel Martins




Amaria

  Gostava.

  E digo gostava até
que o mar invadisse
os olhos,

ou chegasse a atingir
a pureza de uma
rosa ao nascer do
dia,

quando suas fragrâncias
são uma nuvem
dispersa
e alimentam aquilo
que de mais sensível
desperta
num ser incauto
procurando o extremo
da beleza,

ou em alguém
cujo único propósito
é conseguir abraçar
o mais rebuscado
mas mais belo dos
propósitos abstractos.

  Gostava de
conseguir oferecer
completamente
a nuvem de motivos
etéreos que preenchem
completamente
mas depois levam
a flutuar.

  Pois é:

  Gostava,
Mas não só!

  Amaria!

  Amaria que,
um dia,
as palavras
que surgissem
transformassem até
aquelas consciências
que estão amarradas
amargamente
aos dias sujos
e à lama do
desconsolo.

Miguel Martins
(Pedro Miguel Vieira Martins Lucas)

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