terça-feira, 8 de outubro de 2019

Como lobos de súbito - Daniel Filipe




Como lobos de súbito 


Como lobos de súbito
irrompem na planície citadina
carregados de morte

Seu nome é violência
 
Trazem nas mãos mortíferos sinais
e de órbitas vazias
caminham em silêncio
envoltos na terrível solidão
do crime encomendado

Marginam as esquinas
escondem o rosto sob aço liso
dos negros capacetes
e anónimos ocultos
pela espessa cortina de ódio e névoa
como robots avançam

A morte engatilhada
espera o momento de partir Agora
Cumpra-se o ritual

Uma voz grita Viva
a liberdade O coro lhe responde
pontuados de tiros

Canalhas Temos fome
Arranquemos as pedras da calçada
Ó meu amor resiste

Resiste os olhos secos
Sem lágrimas Sem medo Só talhada
no sílex da ira

Pronta a dar corpo ao sonho
e entanto testemunha do martírio
companheira e amante

De mãos dadas cantando
abrimos flores às balas assassinas
merecemos a vida

 


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