Dia Não
De paisagens mentirosas
De luar e alvoradas
De perfumes e de rosas
De vertigens disfarçadas
Que o poema se desnude
De tais roupas emprestadas
Seja seco, seja rude
Como pedras calcinadas
Que não fale em coração
Nem de coisas delicadas
Que diga não quando não
Que não finja mascaradas
De vergonha se recolha
Se as faces tiver molhadas
Para seus gritos escolha
As orelhas mais tapadas
E quando falar de mim
Em palavras amargadas
Que o poema seja assim
Portas e ruas fechadas
Ah! que saudades do sim
Nestas quadras desoladas!
De paisagens mentirosas
De luar e alvoradas
De perfumes e de rosas
De vertigens disfarçadas
Que o poema se desnude
De tais roupas emprestadas
Seja seco, seja rude
Como pedras calcinadas
Que não fale em coração
Nem de coisas delicadas
Que diga não quando não
Que não finja mascaradas
De vergonha se recolha
Se as faces tiver molhadas
Para seus gritos escolha
As orelhas mais tapadas
E quando falar de mim
Em palavras amargadas
Que o poema seja assim
Portas e ruas fechadas
Ah! que saudades do sim
Nestas quadras desoladas!
José Saramago
Poema: José Saramago (in
"Os Poemas Possíveis", Lisboa: Portugália Editora, 1966
Música: Luís Cília
Intérprete: Manuel Freire* (in LP "Devolta", Diapasão/Lamiré, 1978)
Música: Luís Cília
Intérprete: Manuel Freire* (in LP "Devolta", Diapasão/Lamiré, 1978)
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