quarta-feira, 3 de junho de 2020

UM SONHO PARA SEMPRE - E S TAGINO


 

UM SONHO PARA SEMPRE

Nasci ao pé de uma velha gare,
E, desses tempos, guardo ainda em mim
A ténue recordação
De uma antiga estação,
Com pessoas a partir e a chegar
Em louco frenesim.
Ser uma delas, foi a minha primeira ambição,
E não houve Everest que eu não escalasse
Nem Amazonas que não explorasse
Na minha imaginação.
Hoje vivo ao pé do mar,
E vejo os barcos a sair a barra,
E o sonho vem, e cresce, e desamarra
A vontade inesgotada de abalar.
Às vezes, vislumbro alguém na amurada,
E há um braço que se ergue num sinal,
E eu respondo com um adeus igual
Até onde a vista nos alcança.
E enquanto dura o tempo desse aceno
Volto de novo a ser pequeno
E sonho outra vez como em criança.


António José da Costa Neves (E. S. Tagino)

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