MANHÃ
Como forjamos o ferro, forjaremos dias novos.
Suados e fortes
desceremos às profundas
e arrancaremos de suas entranhas novas conquistas.
Ascenderemos às montanhas
e o Sol nos encherá de vida:
seremos pedaços do Sol!
Forjaremos outra vida, grandiosa e humana;
a eternizaremos com um potente e unânime esforço.
E sob o olhar virgem dos amanheceres,
cantaremos à força criadora do músculo
e à harmonia fraterna das almas
Muitos,
e seremos só um.
Para o grande canto solo teremos uma voz.
Cantaremos ao ferro,
à beleza forte e nova da máquina.
à bigorna, aos tratores
que violam a terra em cúpula mecânica;
à turbina, ao dínamo;
à fuga infinita dos trilhos
- sistema nervoso de aço por onde circula a vida.
Os canais de luz dos cabos elétricos
- células cerebrais do mundo,
onde vibra a força.
Cantaremos ao ferro, porque o mundo é de ferro.
e somos filhos do ferro.
Mas estaremos sobre a máquina.
Um sentimento novo surgirá em nossos peitos
e será tão imenso
que para amá-lo a terra se transformará em um coração.
Aonde estará, então, nossa amargura?
Aonde estes dias miseráveis e inválidos?
Como forjamos o ferro, forjaremos outro século.
Coroados de júbilos,
os novos dias ver-nos-ão
musculosos e fortes, desfilar ao Sol.
Veremos os campos, as cidades e as oficinas:
cada instrumento de trabalho será como uma arma:
- uma serra, uma chave, um martelo, uma foice -
e ocuparemos a terra como um exército em marcha,
saudando a vida com nosso canto unânime!
Regino
Pedroso
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