Paulino de Oliveira retratado por Tomás Leal da
Câmara
«Quare de vulva eduxisti me?»
Por que você me tirou do ventre?
Neste desterro
Como Job, eu misérrimo, pergunto:
"Para que fui criado?" e o céu e o vento
Que escutam o meu grito
Não me respondem nada sobre o assunto
Se não vimos ao mundo por querer
Porque é que antes de sermos nos culpados
Arrastamos os ferros de forçados
E nos esmaga a mó do atroz Sofrer?
Quando a Dor me tritura, aguda e forte,
Eu penso na justiça desta Sorte
E na razão desse bom Deus amado...
E medito: se outrora, em outro Mundo
Eu habitei o corpo vagabundo
De algum enorme triste celerado.
Paulino
de Oliveira
in Poemas de Francisco Paulino Gomes de Oliveira, Edições «Descobrimento»
1932
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