EM NOME DO POVO (1847)
O povo ainda pede, dai-lhe agora!
Não sabeis como é terrível quando se
revolta,
Quando em vez de pedir agarra e arrebata?
Não ouvisteis falar de György Dózsa?
Foi sentado por vós num trono de ferro em
brasa,
Mas não queimou o seu espírito esse fogo
Pois era o próprio fogo. Cuidado,
Aquelas línguas podem devorar-vos!
Outrora o povo só reclamava comida.
Era ainda animal, um animal que por fim
Se converteu em homem. E ao homem como
homem
Correspondem direitos. Direitos, sim,
Direitos do homem para o povo! Não os ter
É para os filhos de Deus o pior estigma.
E quem lhes impuser esse sinal
Não poderá evitar o castigo divino.
Por que sois vós privilegiados?
Por que está o direito do vosso lado?
Os vossos pais conquistaram a pátria,
Mas o suor do povo escorre nela.
De que serve dizer: está aqui a mina
Se não há mãos para escavar o solo
Até que surja brilhando o filão de ouro…
E estas mãos não têm nenhum mérito?
Vós que repetisteis orgulhosos:
É nossa a pátria, nosso o direito!
Que coisa farieis com a pátria,
Se de repente o inimigo a atacasse?
Mas que pergunta! Mil desculpas,
Já me esquecia do feito de Györ!
Quando erguereis um monumento
A tantos pés heroicos que fugiram?
Ao povo os seus direitos! Em nome
Da humanidade grandiosa e sacra
Dai-lhe direitos! E também em nome
Da pátria, que cairá sem um apoio novo.
A vós pertence a rosa da Constituição
E ao povo lançasteis os espinhos.
Dai-lhe algumas das pétalas, algumas,
Guardai ao menos metade dos espinhos!
O povo ainda pede, dai-lhe agora!
Não sabeis como é terrível quando se
revolta,
Quando em vez de pedir agarra e arrebata?
Não ouvisteis falar de György Dózsa?
Foi sentado por vós num trono de ferro em
brasa,
Mas não queimou o seu espírito esse fogo
Pois era o próprio fogo. Cuidado,
Aquelas línguas podem devorar-vos!
(traduzido por Yvette K. Centeno)
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