Manuel Bandeira e
Millôr Fernandes
 Pasárgada
Vou-me embora de Pasárgada 
Sou inimigo do rei 
Não tenho nada que quero 
Não tenho e nunca terei 
Vou-me embora de Pasárgada 
Aqui eu não sou feliz 
A existência é tão dura 
As elites tão senis 
Que Joana, a louca da Espanha 
Ainda é mais coerente 
Do que os donos do país. 
Millôr Fernandes
Folha de S.
Paulo, março/2001)
Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada 
Lá sou amigo do rei 
Lá tenho a mulher que eu quero 
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada 
Vou-me embora pra Pasárgada 
Aqui eu não sou feliz 
Lá a existência é uma aventura 
De tal modo inconsequente 
Que Joana a Louca de Espanha 
Rainha e falsa demente 
Vem a ser contraparente 
Da nora que nunca tive. 
Manuel Bandeira
“Bandeira a
Vida Inteira”. Editora Alumbramento
Rio de
Janeiro, 1986, pág. 90)


 
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