Soneto para Cesário
Se te
encontrasse, agora, na paisagem
nocturna dos fantasmas da cidade,
contava-te dos nossos pobres versos
no teu
rasto de sombra
e claridade
Contava-te do frio que há em medir
a distância
entre as mãos
e as estrelas,
com lágrimas de pedra nos sapatos
e um
cansaço impossível
de escondê-las
Contava-te - sei lá! - desta rotina
de embalarmos a morte nas paredes,
de tecermos o destino nas valetas
De uma história de luas
e esquinas,
com retratos e flores da madrugada
a boiarem na água das sarjetas.
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