Traz tanto ódio dentro o vagão do amor
Traz tanto ódio dentro o vagão do amor,
tanto tédio envenena a raiz
da alegria,
que é natural, amor, que a tristeza demore
sobre as nossas cabeças uma nuvem
sombria.
Nem um dia sequer, nem no dia mais negro
se encerrou para
nós a janela
da esperança,
era impossível ser, com tantos olhos, cego,
e tendo tantas mãos
perder a confiança.
Mas vem sempre atrasada a palavra
devida,
tão ingrato este chão, tão
fechado este céu,
que “é noite”, diz por
vezes a canção,
e o dia,
vai a estrofe
no meio, amanheceu.
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