quarta-feira, 19 de abril de 2017

'a janela da esperança' - Vasco Costa Marques


Traz tanto ódio dentro o vagão do amor

Traz tanto ódio dentro o vagão do amor,
tanto tédio envenena a raiz da alegria,
que é natural, amor, que a tristeza demore
sobre as nossas cabeças uma nuvem sombria.

Nem um dia sequer, nem no dia mais negro
se encerrou para nós a janela da esperança,
era impossível ser, com tantos olhos, cego,
e tendo tantas mãos perder a confiança.

Mas vem sempre atrasada a palavra devida,
tão ingrato este chão, tão fechado este céu,
que “é noite”, diz por vezes a canção, e o dia,
vai a estrofe no meio, amanheceu.

(sugerido por Correia da Fonseca – Algés)

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