A poesia é a vida?
A poesia é a vida? Pois claro!
Conforme a vida que se tem
o verso vem
- e se a vida é
vidinha, já não
há poesia
que resista. O mais é literatura,
libertinura, pegas
no paleio;
o mais é isto: o tolo
dum poeta
a beber, dia a dia, a bica preta,
convencido de si, do seu recheio...
A poesia é a vida? Pois claro!
Embora custe caro, muito caro,
E a morte se meta de permeio.
*
De permeio, a morte? Sim, a
arrenegada,
venha rebuçada ou escancarada,
a que te ceifa inteiro ou se
deita, primeiro,
de esperança,
na tua lástima de cama.
De permeio, pois pois, que
isso de morrer
Não faz parte de nenhum
programa.
E podia fazer?
(Feira Cabisbaixa
– 1965)
AUTOCRÍTICA
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