GRITO NEGRO
Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
E fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
Para te
servir eternamente
como força
motriz
Mas eternamente
não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder
sim;
Queimar tudo
com a força
da minha combustão.
Eu sou carvão;
Tenho que arder
na exploração
Arder até
às cinzas da maldição
Arder vivo
como alcatrão,
meu irmão,
Até não
ser mais a
tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo
com o fogo
da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.
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