O INVENTOR DE RIOS
Atraídos ao engano,
Pelo homem, que os esqueceu,
Sobem à terra, que o ano
A terra desmereceu.
O sol bebe-lhe o sangue;
Cansa-a, de fome, o arado.
Pobre terra, terra exangue,
Quem, pois, lhe dará cuidado.
Terá, o homem, o que quer,
Quando aperta a carestia,
Se assim a Deus aprouver
Como ao pão de cada dia.
Nasça, das mãos, a promessa
De outro tempo, outra vontade.
Qual jornada que começa,
Quando a vida é novidade.
Nasçam mares, onde o deserto
Castigou quem nada tem,
P’ra que o mundo então liberto
Não seja terra de alguém.
Inventem-se novas ‘speranças,
Novos caminhos, sinais,
Laços de amor, alianças,
Entre povos imortais.
(inéditos)
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