segunda-feira, 20 de maio de 2019

GARE - Álvaro Feijó

GARE

O comboio perdeu-se no negrume
da noite e da distância.

A leva dos emigrantes
– num sonho de riqueza
e na esperança de vida –
enchera o monstro.

Na gare, choros e gritos!
Namoradas perdidas,
mães velhinhas
e os amigos,
numa espécie de inveja dolorida,
por não poderem partir.

Na gare, a dor em cada face!

E só eu
– que não era um emigrante –
só eu tive um sorriso de mulher
pedindo que voltasse.

in “Os Poemas de Álvaro Feijó”,
Evoramons Editores e Herdeiros de Álvaro Feijó, 1.ª Ed. 2005, p. 77

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