Não
descanses agora
Não descanses agora porque existem bombas
Baionetas apontadas ao ventre dos jovens
Cidades ameaçadas de ruínas e silêncios
Torpedos e naufrágios espreitando navios na sombra
Não descanses agora
Grita amaldiçoa chora
Mas não descanses agora
Trata-se de manter o vigor dos atletas
A ternura das noivas a arte dos operários
Trata-se de manter o ritmo das lendas
A linha das estátuas a chave dos romances
Trata-se de manter as árvores de pé
A pureza dos frutos o riso das crianças
Não descanses agora
Cresce no horizonte uma paisagem de morte
Resiste-lhe com teu corpo unido a outros corpos
Unhas dentes braços pernas sangue
Resiste-lhe com palavras altas como montanhas
Com lágrimas de fúria grandes como planetas
E mesmo com silêncios que transformarás em pedras
E relâmpagos de memória que transformarás em esperança
Não descanses agora
Não descanses agora porque existem bombas
Baionetas apontadas ao ventre dos jovens
Cidades ameaçadas de ruínas e silêncios
Torpedos e naufrágios espreitando navios na sombra
Não descanses agora
Grita amaldiçoa chora
Mas não descanses agora
Trata-se de manter o vigor dos atletas
A ternura das noivas a arte dos operários
Trata-se de manter o ritmo das lendas
A linha das estátuas a chave dos romances
Trata-se de manter as árvores de pé
A pureza dos frutos o riso das crianças
Não descanses agora
Cresce no horizonte uma paisagem de morte
Resiste-lhe com teu corpo unido a outros corpos
Unhas dentes braços pernas sangue
Resiste-lhe com palavras altas como montanhas
Com lágrimas de fúria grandes como planetas
E mesmo com silêncios que transformarás em pedras
E relâmpagos de memória que transformarás em esperança
Não descanses agora
António José Fernandes
em Ainda
não é tarde (1955), retirado de Antologia da Novíssima Poesia
Portuguesa (org. Maria Alberta Menéres e E.M. de Melo e Castro), 2ª
edição revista, actualizada e com uma nova introdução, Lisboa: Livraria Morais
Editora, Colecção
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