sexta-feira, 1 de março de 2019

Coro das Azinheiras - César Príncipe





Coro das Azinheiras
Vozes do Cortejo

O Estado lamentou o sucedido
A Televisão revolveu o arquivo
Tempo
Sem Espingardas Floridas
De Vozes Emudecidas
Alminhas Arrependidas
Tempo
De renovar os pendões da alvorada
A que desponta como rubra espada
Na assombração da pátria ocupada
23 de Fevereiro
O morto saiu à rua a multidão chorava
E seguia a urna para a campa aberta
Que a todos oferecia pão de terra fria
E a todos assegurava residência certa
Enquanto
Entre as sepulturas as azinheiras
Um coro
Entoava
A tua profissão foi combater o silêncio
A tua voz é um monumento da batalha
A que mesmo perdida volta a ser ganha

In, “Autos das Necrópoles
Naufrágio do Louvre”

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