XIII
A greve
Estranha era a
fábrica inativa.
Um silêncio na
planta, uma distância
entre máquinas
e homem, como um fio
cortado entre
planetas, um vazio
das mãos do
homem que consomem
o tempo
construindo, e as desnudas
estâncias sem
trabalho e sem um som.
Quando o homem
deixou as tocas
da turbina,
quando desprendeu
os braços da
fogueira e decaíram
as entranhas
do forno, quando tirou os olhos
da roda e a
luz vertiginosa
se deteve em
seu círculo invisível,
de todos os
poderes poderosos,
dos círculos
puros de potência,
da energia
surpreendedora,
ficou um
montão de inúteis aços
e nas salas
sem homem, o ar viúvo,
o solitário
aroma do azeite.
Nada existia
sem aquele fragmento
batido, sem
Ramírez,
sem o homem de
roupa rasgada.
Lá estava a
pele dos motores,
acumulada em
morto poderio,
como negros
cetáceos no fundo
pestilento dum
mar sem ondulação,
ou montanhas
escondidas de repente
sob a solidão
dos planetas.
(Canto Geral
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