Quero uma greve onde estejamos todos.
Uma greve de braços, de pernas, de
cabelos.
Uma greve nascendo em cada corpo.
Quero uma greve
De operários de pombas
De
motoristas de flores
De
técnicos de crianças
De
médicos de mulheres
Quero uma greve grande,
Que até o amor alcance.
Uma greve onde tudo se detenha,
O relógio as fábricas
O seminário os colégios
O ônibus os hospitais
A estrada os portos.
Uma greve de olhos, de mão e de beijos.
Uma greve onde respirar não seja permitido,
Uma greve onde nasça o silêncio para ouvir os passos do tirano que se vai.
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