XXV
(Um jovem comunista, recém-saído da cadeia,
procurou-me para me dizer: «Vou para Espanha bater-me ao lado dos
republicanos.»)
Adeus!
Tu que arrancaste da treva
dos dias e das noites
o sol subterrâneo das
flores ocultas nas raízes.
Tu que nunca viste o luar
completar os olhos das mulheres
- e a tua mãe só te
beijava em fotografia.
Tu que vais morrer pelos
outros com vinte anos de desdém ardente
e o futuro nunca saberá o
teu nome para maior glória.
Tu que vais conhecer
finalmente a verdadeira morte: a nossa.
Não vida covarde atirada
para as nuvens,
mas sombra sem frestas,
frio sem portas…
Tu: adeus!
Morre orgulhosamente
o teu destino de relâmpago
que afoga nos abismos
o eco longo
do silêncio das águias.
José
Gomes Ferreira
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