95 ANOS
AO ENCONTRO
DO ENCONTRO
para que
eu pudesse fazer o meu caminho pelo
caminho
comum e partilhar o tempo
a
invenção, o desejo, o trabalho e a luta por
uma terra
sem amos
para que nas histórias lidas desde a infância
eu aprendesse a descobrir os meus
a articular aquelas palavras
sobre as quais o confronto ainda não terminou
e assim nos movem
para que eu pudesse sentir-me esperado sobre
esta terra tão dilacerantemente bela
e tão insuportavelmente devastada
para que tendo aprendido a falar eu tivesse
podido encontrar os outros na minha língua
para que eu pudesse olhar, estender as mãos
e encontrar o corpo do mundo
como a minha tarefa comum
para que eu viesse e pudesse chegar a esta
reunião contínua
esta assembleia de homens
explorados e livres, oprimidos e
livres
foi necessário que a convocatória chegasse até
mim
foi necessário que eles continuassem reunidos e
me esperassem
foi necessário que tu tivesses vindo e chegado
antes
que te tivessem acolhido e te tivessem
transformado o nome próprio
em nome comum
Manuel Gusmão
(Via Maria Gusmão e Teresa Carvalho no Facebook)
1 comentário:
Nos mastros mais altos da vida
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