Spray linguístico
Eu vou canalizar
estes morfemas
para os mass média
entre ficções sonoras
enunciar
desgraça,
a solidão
menor,
as más conotações
do sintagma
saudade.
Nada deslumbra tanto
como a criança morta em grande plano!
Os dedos
decepados pela catástrofe
moral
de todos
os aspectos!
Meu deus, os grandes
sortilégios do consumo!
A febre
oficial que
a rádio anunciava esta manhã!
A pop singer a masturbar
a voz!
Os vagos
ecos de um
mar etilizado!
Não há como a cultura
de mosaico,
feliz casa de banho
onde nada
falta:
os cremes
demenciais,
o spray
linguístico que vai neutralizar
o hálito
dos bárbaros!
Bendita sois
ó Liga
Amiga dos Corações
Estofados
que eu louvo a medo e à moda do Minho!
Armando Silva Carvalho
“O QUE FOI PASSADO A LIMPO”
Obra poética
Assírio & Alvim
1981, p. 288
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