ALEPOPEIA
Caem braços nos
telhados
Rolam cabeças nos
pátios
PiLares esmagam os
ombros
Quem corre fica sem
pernas
Quem chora fica sem
olhos
É assim
É assim
É assim em Alepo
Pedras ensanguentadas
são romãs
Come-se arroz de areia
crepitante
As águas são bebidas
pelo deserto
Resta uma lágrima por
habitante
É assim
É assim
É assim em Alepo
Para ir à escola
tropeça-se nos mortos
Para ir à igreja
deixamos lá os corpos
É assim
É assim
É assim em Alepo
A electriCidade é avara
e fugiDia
Só a esperança mantém a
energia
E canta-se
E reza-se
Entre estrondos e
ruínas
E os namorados gemem
Nas macas dos hospitAis
Receiam que o seu
prazer
Ofenda a dor dos demAis
E jura-se
Vencer o ódio armado
Com dez milhões de pés
Com o rosto alevantado
É assim
É assim
É assim em Alepo
E só Alepo sabe
Impera a lei da bala
E governa o silêncio
Quem deu voz ao monstro
Cala a voz de Alepo
Quem armou o monstro
Montou o Grande Cerco
Só Alepo sabe
Alepo só existe
QUANDO PARIS ARDE
César Príncipe
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