«Quando
Ho Chi Minh saiu da prisão e lhe perguntaram como conseguiu escrever versos tão
cheios de ternura numa prisão tão desumana ele respondeu: «Eu desvalorizei as
paredes.» Essa lição se converteu num lema da minha conduta.» Mia Couto
I - OUVINDO O CANTAR DO GALO
Você é só um velho galo comum,
Mas toda madrugada você canta saudando a aurora.
Có-có-ri-có ! Você tira a gente do sono.
Sua tarefa de cada dia tem a sua importância.
II - NOITE DE OUTONO
Junto ao portão, está postado o guarda com seu rifle.
No alto, nuvens desordenadas escondem a lua.
Os percevejos fazem manobras nas camas,
enquanto os mosquitos formam esquadrilhas, atacando
como caças.
Meu coração viaja mil li para longe, no rumo de
minha terra natal.
Meu sonho é um emaranhado de tristezas, um nó de fios
misturados.
Inocente, completo agora um ano inteiro na prisão.
Usando minhas lágrimas como tinta, transformo meus
pensamentos em versos.
in, Diário
de Prisão de Ho Chi Minh, Ed. Difel, Rio .Sem data, nem nº de edição
consiste de
115 versos – quadras e poemas Tang no clássico estilo chinês.
Ho escreve na Primeira Página do Diário:
Recitar versos nunca foi um dos meus hábitos,
Mas agora, na prisão, que me resta mais fazer?
Esses dias de prisão vou passar escrevendo poemas,
E o seu canto trará mais depressa o dia da liberdade.
Cantar a natureza era o prazer dos antigos
Flores e neve, luz e vento, montanha e rios.
É preciso armar de aço os versos de nosso tempo
E o poeta também deve saber combater.
Mesmo com as pernas e braços fortemente amarrados,
Por toda montanha eu ouvi o canto dos pássaros,
E senti através da floresta o perfume das flores da primavera.
Quem me impede de fruir livremente isso,
que tira da longa jornada um pouco da sua solidão?
Recitar versos nunca foi um dos meus hábitos,
Mas agora, na prisão, que me resta mais fazer?
Esses dias de prisão vou passar escrevendo poemas,
E o seu canto trará mais depressa o dia da liberdade.
Cantar a natureza era o prazer dos antigos
Flores e neve, luz e vento, montanha e rios.
É preciso armar de aço os versos de nosso tempo
E o poeta também deve saber combater.
Mesmo com as pernas e braços fortemente amarrados,
Por toda montanha eu ouvi o canto dos pássaros,
E senti através da floresta o perfume das flores da primavera.
Quem me impede de fruir livremente isso,
que tira da longa jornada um pouco da sua solidão?
2 comentários:
" Você é só um velho galo comum,
Mas toda madrugada você canta saudando a aurora."
Desvalorizemos as paredes!
Hoje é o dia do povo Romani
um povo livre que não se verga
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