CONTINUA A CANÇÃO:
Deixem-me terminar a canção
Porque a oferenda dos ancestrais aos descendentes é
“nós semeamos… colham”
a voz nos chega como o aguaceiro
inundando o deserto
fecundando as árvores estéreis
deixa-me terminar a canção
com o Congo... as matas
com os corpos que vertem suas lágrimas
a fim de embriagar as selvas
de afiar a lâmina do verdugo
a fim de completar o caminho do Congo
avante...
os tambores enlaçam a gênesis
deixa-me terminar a canção
com o Danúbio, o Jordão e o Volga
com os rios, as cachoeiras e as flores
e lá onde as árvores enlaçam seus cachos
eu sou deles
eu sou uma flauta na orquestra
dos que sacudiram de seus olhos o pó do passado
e reuniram o espaço e o sol
do porvir radiante
eu sou mais forte
sou mais duradoura
que a negra catástrofe
sim! Árabe
e não me envergonho
Mahmud Darwish
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