sexta-feira, 23 de setembro de 2016

OS SÁTRAPAS - PABLO NERUDA

OS SÁTRAPAS

Nixon, Frei e Pinochet até hoje
até este amargo e doloroso mês de Setembro
do desgraçado ano de 1973.
Juntamente com Bordaberry, Garrastazu e Banzer,
são hienas vorazes da nossa história, roedores
a corroerem com venenosos dentes os pendões conquistados
com tanto sangue vertido e no meio de tanto fogo,
são réus infernais,
enlameados no pantanal das riquezas mal adquiridas,
sátrapas mil vezes vendidos e vendedores
incitados pelos lobos de Nova Iorque.
São máquinas esfomeadas por dólares,
manchadas no sacrifício
dos seus povos martirizados,
mercadores prostituídos
do pão e do ar das Américas,
cloacas assassinas e mal cheirosas
chefes de rebanhos de homens
sem conhecerem outra lei senão a da tortura, da fome e do chicote
que impõem aos seus povos.


CHILE, 15 de Setembro de 1973
(O último poema de Neruda – publicado no Semanário
«A OPINIÃO» em Outubro de 1973.

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