OPERÁRIAS
As raparigas
operárias que de madrugada
vão para
o trabalho, caminham em longas filas entre as
lojas e as fábricas da cidade baixa. São milhares.
Trazem debaixo do braço o almoço embrulhado
em papel de jornal.
o trabalho, caminham em longas filas entre as
lojas e as fábricas da cidade baixa. São milhares.
Trazem debaixo do braço o almoço embrulhado
em papel de jornal.
Todas as manhãs,
quando me
cruzo com este
rio de
jovens vidas femininas, pergunto a mim mesmo
para onde vai ele, para onde vão faces aveludadas
de juventude, risos de lábios róseos e recordações,
nos olhos, das danças da noite anterior, de
brincadeiras e passeatas.
jovens vidas femininas, pergunto a mim mesmo
para onde vai ele, para onde vão faces aveludadas
de juventude, risos de lábios róseos e recordações,
nos olhos, das danças da noite anterior, de
brincadeiras e passeatas.
Verdes e cinzentas
correntes vão
lado a lado
no
mesmo rio: também aqui há sempre as outras,
as que já concluíram a vida, as que conhecem
o fim do jogo que é a vida, o sentido que ela tem,
o nó do problema, o como e o porquê das danças
e dos dedos que lhes acariciaram os cabelos.
mesmo rio: também aqui há sempre as outras,
as que já concluíram a vida, as que conhecem
o fim do jogo que é a vida, o sentido que ela tem,
o nó do problema, o como e o porquê das danças
e dos dedos que lhes acariciaram os cabelos.
Passam caras
e nelas está escrito: "Sei tudo, sei onde
vão acabar a frescura e o riso. Tenho as minhas
recordações", e caminham com pés mais
vagarosos: mostram experiência em lugar da
beleza que as outras ostentam.
vão acabar a frescura e o riso. Tenho as minhas
recordações", e caminham com pés mais
vagarosos: mostram experiência em lugar da
beleza que as outras ostentam.
Assim o verde e o cinzento correm misturados, de
manhãzinha, pelas ruas da cidade baixa.
manhãzinha, pelas ruas da cidade baixa.
trad. Alexandre O'Neill
1878 - 1967
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