MARCELO
E AS TÁGIDES
Marcelo,
em cupidez municipal
de
coroar-se com louros alfacinhas,
atira-se
valoroso - ó bacanal! -
ao
leito húmido das Tágides daninhas.
Para
conquistar as Musas de Camões
lança
a este, Marcelo, um desafio:
Jogou-se
ao verso o épico? Ilusões!...
Bate-o
Marcelo que se joga ao rio.
E
em eleitorais estrofes destemidas,
do
autárquico sonho, o nadador
diz
que curara as ninfas poluídas
com
o milagre do seu corpo em flor.
Outros
prodígios - dizem - congemina:
ir
aos bairros da lata e ali, sem medo,
dormir
para os limpar da vil vérmina
e
triunfal ficar cheio de pulguedo.
Por
fim, rumo ao céu, novo Gusmão
de
asa delta a fazer de passarola,
sobrevoa
Lisboa o passarão
e
perde a pena que é de galinhola.
in
INÉDITOS 1979/91
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