sexta-feira, 11 de novembro de 2016

POETURA / CARAVAGGIO




POETURA — ii
(CARAVAGGIO — ii)
 
POEMA DE QUINTA-FEIRA SANTA
CROCODILOS DANÇAM

Quando os nos­sos ami­gos se sen­tam
À mesa dos nos­sos ini­mi­gos
Enquanto avan­ça­mos com tanta difi­cul­dade
Pois se Deus par­tiu rode­ado dos anjos e das suas espa­das
E nem nos dei­xou uma con­cha de luz que se pudesse beber
Com tanta difi­cul­dade e a água bar­renta pela cin­tura
A pas­sos len­tos sobre a areia mole
Quando os nos­sos ami­gos se sen­tam
À mesa dos nos­sos ini­mi­gos
Pré-históricos cro­co­di­los dan­çam
Imen­sos de san­gue frio e os den­tes
Cheios do riso de quem nos vai comer
Dan­çam con­ten­tes para depois bem cho­rar:
Gosto tanto dele é tão bom faz tão bem
E nós sur­pre­en­di­dos no estô­mago da besta
Peque­nos demais deglu­ti­dos tra­ba­lha­dos a ácidos
Ainda per­gun­ta­mos
Ini­mi­gos eu trai­ção porquê se um grão é nada
Um grão é nada ape­nas se não for semente

(publicado por Eugénia de Vasconcellos)
(nota: não consegui confirmar o autor)

Sem comentários: