terça-feira, 6 de novembro de 2018

O Sermão da Planície - Geir Campos

O Sermão da Planície

Alô alô trabalhadores na indústria do açúcar:
a crise está de amargar.
Alô alô trabalhadores na indústria do sal:
que vida insossa, a nossa!
Alô alô ferroviários:
este país anda fora dos trilhos.
Alô alô trabalhadores na indústria do carvão:
a coisa nunca esteve preta como agora.
Alô alô trabalhadores na indústria de doces e conservas:
impossível conservar-se a doce tranquilidade.
Alô alô trabalhadores na indústria de fiação:
a paz social está por um fio.
Alô alô trabalhadores na indústria de brinquedos:
com a fome do povo não se brinca.
Alô alô trabalhadores na indústria de artefatos de couro:
apertar o cinto não resolve.
Alô alô trabalhadores em panificação e laticínios:
conosco tem de ser pão-pão, queijo-queijo.
Alê alô trabalhadores na indústria da madeira:
o pau vai comer.
Alô alô trabalhadores na indústria da borracha:
seremos inflexíveis.
Alô alô trabalhadores na metalúrgica e siderúrgica:
têmpera não nos falta.
Alô alô trabalhadores na indústria de fibras vegetais e animais:
a nossa fibra é de aço.
Alô alô trabalhadores na indústria de eletricidade:
toda a energia é pouca.
Alô alô trabalhadores na indústria mecânica:
está na hora de apertar os parafusos.
Alô alô trabalhadores na indústria do pescado:
chega de encher a barriga dos tubarões.
Alô alô trabalhadores na indústria de comestíveis:
chega  de pôr azeitona na empada do imperialismo.
Alô alô trabalhadores na indústria do fumo:
a cobra já está fumando.
Alô alô trabalhadores na indústria do calçado:
vamos entrar de sola.
Alô alô trabalhadores no comércio:
consciência não se vende.
Alô alô trabalhadores na indústria ótica:
olho nos inimigos do povo!
Alô alô trabalhadores em cerâmica e porcelana:
quem foi que disse que vaso ruim não quebra?
Alô alô trabalhadores na imprensa:
o que o truste diz, não se escreve.
Alô alô bancários:
o inimigo não merece crédito.
Alô alô trabalhadores na indústria de chapéus:
a hora é de usar a cabeça.
Alô alô trabalhadores em lavanderia e tinturaria:
vamos lavar a roupa suja do regime.
Alô alô trabalhadores na indústria gráfica:
há muito tipo sujo querendo dar boa impressão.
Alô alô trabalhadores na indústria do frio:
gelo nos maus políticos!
Alô alô trabalhadores na indústria de vidros e espelhos:
vamos tirar os parasitas da redoma, sem contemplação.
Alô alô trabalhadores na indústria do vestuário:
Não adianta despir um santo para vestir outro.
Alô alô trabalhadores na indústria de botões:
está na hora do opressor abotoar o paletó.
Alô alô trabalhadores em torrefação e moagem:
vamos torrar o latifúndio, que nos mói.
Alô alô trabalhadores na indústria de inseticidas:
o latifúndio é uma praga.
Alô alô camponeses:
o latifúndio planta ventos, colhe tempestades.
Alô alô contabilistas:
está na hora do ajuste de contas.
Alô alô trabalhadores em mineração:
nosso país sempre foi uma mina para os outros.
Alô alô trabalhadores na indústria de tintas e vernizes:
o imperialismo já pintou o sete connosco.
Alô alô trabalhadores na indústria de tecidos:
o imperialismo nos deixa de tanga.
Alô alô trabalhadores em curtume:
o truste está tirando o nosso couro.
Alô alô trabalhadores na indústria petrolífera:
o petróleo é nosso.
Alô alô trabalhadores na indústria de detergentes:
o imperialismo que vá lamber sabão!
Alô alô trabalhadores em instalações hidráulicas:
vamos fazer quem nos explora entrar pelo cano.
Alô alô trabalhadores em construção civil:
nosso muro será duro com duro.
Alô alô operários navais:
vamos mostrar com quantos paus  se faz uma canoa.
Alô alô propagandistas de produtos farmacêuticos:
digam a todos que o nosso mal tem remédio.
Alô alô trabalhadores em joalheria e lapidação:
nosso país, emancipado, vai ser uma joia.
Alô alô trabalhadores em transportes marítimos, fluviais e aéreos:
o rumo certo é o da libertação.
Alô alô rodoviários:
a verdadeira liberdade é que nos guia.
Alô alô estudantes:
certas verdades não se aprendem no colégio.
Alô alô professores:
não esqueçamos a lição da História!
Alô alô trabalhadores em rádio e televisão:
a boa nova está no ar.
Alô alô trabalhadores na indústria de bebidas:
um brinde à vitória final!


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