A DESPEDIDA
DE SÓCRATES
Não era uma derrota e, todavia,
seria forçoso sentir-se triste.
«Devemos um galo a Asclépio», dizia,
como se amasse um bem que não existe.
Matava-se a moléstia com cicuta
e, diante, outra maior nascia.
«O que não tem valor, não se disputa».
E tal divisa era mais doce e fria
que a justiça, que a si mesma tortura.
Não chorava a própria morte, a sua,
mas a de seu mundo, cuja loucura
é uma fera que jamais jejua.
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