Ano Novo
Meia-noite.
Fim
de
um ano, início
de
outro. Olho o céu:
nenhum
indício.
Olho
o céu:
o
abismo vence o
olhar.
O mesmo
espantoso
silêncio
da
Via-Láctea feito
um
ectoplasma
sobre
a minha cabeça
nada
ali indica
que
um ano novo começa.
E
não começa
nem
no céu nem no chão
do planeta:
começa no coração.
Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho
estelar
que sonha
(e luta)
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