PÔR DO SOL
Sabeis qual é o mais feroz tormento?
É o de um orador tornar-se mudo:
o de a um pintor, p'ra quem a forma é tudo,
tremer a mão, perder seu talento
ante os néscios, e é, nesse momento
que em combate se torna mais rudo,
ficar só, sem lança e sem escudo,
p'ra ao inimigo dar contentamento.
Ver-se envolto entre nuvens do ocaso
em que enfim nosso sol desaparece
é pior que morrer. Terrível passo
sentir que nossa mente desfalece!
Nosso pecado é tão horrendo acaso
que o martírio de Luzebel assim merece?
Miguel de Unamuno
Sabeis qual é o mais feroz tormento?
É o de um orador tornar-se mudo:
o de a um pintor, p'ra quem a forma é tudo,
tremer a mão, perder seu talento
ante os néscios, e é, nesse momento
que em combate se torna mais rudo,
ficar só, sem lança e sem escudo,
p'ra ao inimigo dar contentamento.
Ver-se envolto entre nuvens do ocaso
em que enfim nosso sol desaparece
é pior que morrer. Terrível passo
sentir que nossa mente desfalece!
Nosso pecado é tão horrendo acaso
que o martírio de Luzebel assim merece?
Miguel de Unamuno
In "Antologia da Poesia Espanhola
Contemporânea"
Trad. de José Bento
Trad. de José Bento
PUESTA DE SOL
¿Sabéis cuál es el más fiero
tormento?Es el de un orador volverse mudo;
el de un pintor, supremo en el desnudo,
temblón de mano; perder el talento
ante los necios, y es en el momento
en que el combate trábase más rudo
sólo hallarse, sin lanza y sin escudo,
llenando al enemigo de contento.
Verse envuelto en las nubes del ocaso
en que al fin nuestro sol desaparece
es peor que morir. ¡Terrible paso
sentir que nuestra mente desfallece!
¿Nuestro pecado es tan horrendo acaso
que así el martirio de Luzbel merece?
Bilbao, IX-1910.
Miguel de Unamuno
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