terça-feira, 18 de dezembro de 2018

P.A.I.G.C. - Corsino Fortes




É a potência fálica da terra + a potência famélica do povo
É o povo de coração em marcha sob a bandeira de Pidjiguiti
É a árvore de Boé + a proa do arquipélago que abalroa
No umbigo da colónia
A caravela da opressão secular
É o tambor da história + o ovo da concórdia
                      Que devolve
Á libertaria África
A dupla fatia do seu património
É o braço do povo + o corpo da terra toda ela
De peito aberto De pátria aberta
É a Estrela da manhã
No sangue
Na alvorada
Na árvore
    De todos nós

II

Amílcar!
Há hélice & sonho
             na raiz da árvore que tomba
Há sangue & ombro
             na pele do tambor que rompe
É da pedra do Sol Que move
O sangue e o rosto da pirâmide
Não há Janeiro
Não há Novembro
             Que não seja
Uma península de dor
             Entre duas bandeiras


Acto de cultura
Como o som cresce na fruta! na árvore
    Está o tambor
E contra a erosão: a política da sedução

                      E

"Se o destino do homem é o trabalho contínuo"

                                E
Não há foz para o rio da palavra amor
Cultura! toda ela
É a expresso dinâmica De um caos inicial

FORTES, Corsino.  Pão & fonema.  2ª. ed.   Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1980.  102 p.  Capa: José Cândido.  Estudo analítico de Mesquitela Lima.  Col. A.M.



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