A canção
"Enquanto os teus olhos ainda estão cerrados sobre os
[mistérios
noturnos da alma
E o dia
ainda não abriu as suas pálpebras,
Nasce a
canção dentro de ti como um rumor de águas,
Nasce a
canção como um vento despertando as folhagens…
Não vem
de súbito, vem de longe e de muito tempo.
Mas -
agora - estás desperto na cidade e não sabes,
Entre
tantos rumores e motores,
Como é
que tens de súbito esta serenidade
De quem
recebesse uma hóstia em pleno inferno.
Deve ser
de versos que leste e nem te lembras,
De telas,
de estátuas que viste,
De um
sorriso esquecido...
E destas
sementes de beleza
E que
- às
vezes -
No chão
do rumoroso deserto em que pisas,
Brota o
milagre da canção!"
- A cor do invisível - pág.22)
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