MONÓLOGO
DO RELÓGIO
Não
há no meu tic tac
Vislumbres,
hipocrisia
Cada
tic traz um tac
Cada
tac uma agonia
Tudo
a tempo se renova
Nos
movimentos que exerço.
Cada
tic abre uma cova
Cada
tac traz um berço.
Num
tic nasce uma mágoa
Num
tac morre um prazer.
Cada
tic é gota de água
Sobre
uma face a correr.
Por
cada tic agitado
Por
cada tac abatido
Há
sempre mais um pecado
a
nascer e a ser vivido.
Tic
tac é a minha lida
Tic
tac é a minha sorte.
Num
tic mete-se a vida
Num
tac se encontra a morte.
Com
tão cruel tic tac
Com
tão funesta medida
Vou
roubando ao almanaque
Todos
os anos da vida.
Vou
medindo em horas cheias
O
tempo que não tem fim.
Tenho
o coração e as veias
Do
tempo dentro de mim.
E
nesta pressa ruim
De
mágoas e de agonias
Chegam
sempre ao triste fim
Vidas,
minutos e dias.
João Teixeira de Medeiros
Sem comentários:
Enviar um comentário