1º. MAIO
Há Maio em cada rosto
em cada olhar
que passa pelo asfalto da Avenida
Há Maio em cada braço
que se ergue
há Maio em cada corpo em cada vida
Há Maio em cada voz
que se levanta
há Maio em cada punho que se estende
há Maio em cada passo
que se anda
há Maio em cada cravo que se vende
Há Maio em cada verso
que se canta
há Maio em cada uma das canções
há Maio que se sente
e contagia
no sorriso feliz das multidões
Há Maio nas bandeiras
que flutuam
e mancham de vermelho
o céu de anil
Há Maio de certeza
em cada peito
que sabe respirar o ar de Abril
Mas há Maio sobretudo
no poema
que se escreve sem ler o dicionário
porque Maio há-de ser
mais do que um grito
porque Maio é ainda necessário
Canto Maio e se canto
logo existo
que o meu canto de Maio é solidário
com o canto que escuto
e em que medito
e que sai da boca do operário
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