O vinho necessário
o meu país é um copo vazio
a um canto da Europa gangrenado
Os lábios usuais morreram já
falemos pois do vinho necessário
falemos das sementes e da esperança
da cólera madura repetida
do murro que se abate sobre a mesa
Critico a memona apenas doce
do tempo já perdido
critico os lábios em posição de espera
A sede só por si não é o vinho
e as uvas apodrecem na tristeza
o copo mais vazio e mais antigo
Abril consentido maio ausente
novembro muito triste sempre triste
apenas estar aqui não é viver.
In, Maio Ausente, 1970
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