SAUDADE
SAUDADE... — Que será… eu não sei... tenho buscado
em certos dicionários poeirentos e antigos
e outros livros que ocultam o significado
dessa doce palavra de perfis ambíguos.
Dizem que as montanhas são azuis como ela,
que nela empalidecem longínquos amores,
e um nobre e bom amigo meu (e das estrelas)
nomeia com os cílios e as mãos em tremores.
E no Eça de Queiroz sem olhar a adivinho,
o segredo se evade em sua doçura e sede,
como essa mariposa, corpo em desalinho,
Sempre longe - tão longe! - das minhas calmas
redes.
Saudade... tens, vizinho, o real significado
dessa palavra branca que, peixe, se evade?
Não... treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...
Pablo N eruda
SAUDADE
SAUDADE —¿Qué será?... yo no sé... lo he buscado
en unos diccionarios empolvados y antiguos
y en otros libros que no me han dado el significado
de esta dulce palabra de perfiles ambiguos.
Dicen que azules son las montañas como ella,
que en ella se oscurecen los amores lejanos,
y un noble y buen amigo mío (y de las estrellas)
la nombra en un temblor de trenzas y de manos.
Y hoy en Eça de Queiroz sin mirar la adivino,
su secreto se evade, su dulzura me obsede
como una mariposa de cuerpo extraño y fino
siempre lejos —¡tan lejos!— de mis tranquilas
redes.
Saudade... Oiga, vecino, ¿sabe el significado
de esta palabra blanca que como un pez se evade?
No... Y me tiembla en la boca su temblor
delicado...
Saudade...
- Pablo Neruda, em "Crepusculário".
[tradução José Eduardo Degrazia]. Edição Bilíngue. Porto Alegre:
L&PM Pocket, 2011
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